Unidades iniciais do Su-57 ainda não terão a versão final de diversos sistemas críticos
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 04/11/2020, às 16h50 - Atualizado às 18h20
Sukhoi Su-57 é o primeiro caça de quinta geração produzido na Rússia e oferece capacidade furtiva
A Rússia receberá seu primeiro Sukhoi Su-57 de série em meados de dezembro, com outros quatro aviões previstos para 2021. O lote inicial incluirá os caças equipados com o motor do primeiro estágio operacional, que conta com uma série de melhorias em relação ao protótipo, mas ainda não são o modelo final.
Em meados de 2019 o governo russo assinou um compromisso formal para um lote de 76 caças Su-57, com as entregas ocorrendo até 2028. Os caças devem ser declarados operacionais nos próximos meses, iniciando assim uma nova fase nas capacidades de defesa da Rússia.
O Su-57 realizou seu primeiro voo em 2010, com a previsão que a força aérea da Rússia adquirisse centenas de unidades, mas uma revisão inicial reduziu o pedido para apenas 76 aeronaves.
Considerado um caça de quinta geração, o Su-27 ainda sofre com o uso de motores de geração antiga, que os tornam menos furtivos em diversos cenários. Analistas russos acreditam que é pouco provável que os primeiros aviões sejam equipados com um motor similar a seus rivais ocidentais. Segundo algumas agências de notícias ligadas a Moscou, não é descartado que nenhum dos 76 aviões encomendados seja entregue com os novos motores, que ainda estão sendo desenvolvidos.
Motores de geração anterior devem continuar equipando lote inicial do Su-57
Uma série de atrasos, aliado a queda de um dos protótipos e o princípio de incêndio que tomou uma das aeronaves, forçaram Moscou a revisar seus planos para o Su-57. Inicialmente o novo caça era visto como um potencial modelo padrão para as forças armadas russas, mas, por ora, a expectativa é que ter menos de cem unidades em serviço ao longo da próxima década.
O Su-57 oferece uma série de melhorias em relação aos seus antecessores, com a promessa de inserir a Rússia no seleto grupo de países com capacidade de desenvolvimento e operação de aviões furtivos (stealth). Porém, a indústria local tem sofrido com uma série de atrasos e contratempos no desenvolvimento de aviônicos e sistemas avançados, além dos motores.
Alguns críticos na própria Rússia atribuem o problema ao processo de dissolução das capacidades técnicas da indústria aeroespacial russa ao longo de quase trinta anos após o final da União Soviética. Com parque industrial e de pesquisa distribuindo por diversas repúblicas, parte da capacidade foi herdada por outros países, sem necessariamente ter capacidade de contribuir com a indústria russa. Notoriamente a Ucrânia se tornou um dos principais berços da indústria aeronáutica pós-soviética, mas atualmente não possui alinhamento político e tecnológico com Moscou.
Ainda que enfrente alguns desafios industriais e técnicos, o Su-57 possui tecnologia furtiva com amplo uso de materiais compostos, além de elevada capacidade de transporte de armas. O radar AESA, acrônimo para radar de varredura eletrônica ativa, instalado está entre os mais avançados da atualidade. Mesmo sofrendo com questões furtivas, o amplo alcance do radar e sua capacidade de selecionar e disparar contra múltiplos alvos permitem ao caça atacar antes de ser visto pela maioria de seus rivais.
A expectativa da Rússia é no futuro ampliar o pedido inicial, o que poderá ocorrer quando a maior parte das questões técnicas estiverem resolvidas e o Su-57 já estiver plenamente operacional na força aérea.