Recolocação da companhia no mercado será feita por uma consultoria financeira de Brasília
Marcel Cardoso Publicado em 14/04/2022, às 06h45 - Atualizado às 13h15
Em uma nota divulgada na noite de ontem (13), foi anunciada a venda da Itapemirim Transportes Aéreos para o grupo de consultoria financeira Baufaker Consulting.
Na nota, assinada por Adalberto Bogsan, que em sua conta pessoal no Linkedin aparece como ex-CEO da Itapemirim, “o novo acionista concentra esforços na capitalização da empresa, na reorganização e manutenção do grupo de colaboradores e executivos”.
Ao ser consultado por AERO Magazine, Alvaro Oliveira, que se identificou como atual assessor de imprensa da Itapemirim, afirmou que a negociação está em andamento e que os investimentos poderão superar os R$ 3,3 bilhões. Os novos controladores planejam trazer novos aviões da Airbus e retomar as operações no curto prazo.
A companhia aérea saiu das mãos do grupo controlado por Sidnei Piva, quatro meses depois das operações terem sido canceladas por acumulo dívidas com fornecedores e funcionários, bem como administradoras de aeroportos.
Na última semana, a Justiça determinou o pagamento de mais de R$ 1,2 milhão em taxas de embarque à concessionária RIOgaleão, que controla o aeroporto do Galeão (GIG), no Rio de Janeiro.
Da frota de nove aeronaves, todos da família A320, da Airbus, seis já foram devolvidos aos arrendadores, porém, o gestor informou que “com a aquisição e manutenção dos leasings de cinco aeronaves, do tipo A320ceo, promete inaugurar um novo e inédito modelo de transportar passageiros e cargas em território nacional”, exatamente o mesmo argumento utilizado pela empresa em meados do ano passado, quando a Itapemirim iniciou suas atividades.
Também procurada pelo AERO Magazine, a Baufaker Consulting não se manifestou sobre a transação.
Saiba mais...
A Itapemirim Transportes Aéreos surgiu em meio a uma série de problemas financeiros do grupo Itapemirim, que ainda enfrentava questões na justiça. O lançamento com grande divulgacão ocorreu em 1º julho de 2021, e aconteceu após rever de última hora sua malha, frota e até mesmo trocar seu CEO faltando um mês para o início das operações.
Em 31 de maio a Itapemirim anunciou que mudaria seu corpo diretivo, com Tiago Senna sendo substituído por Adalberto Bogsan. O executivo tinha no currículo passagens nas extintas Varig e Rio Sul, na Gol e Azul. Na Itapemirim iniciou o trabalho coordenando a implementação das vendas das passagens aéreas.
Sob seu comando a Itapemirim realizou um voo que durou até 17 de dezembro de 2021, em meio a uma conturbada relação com funcionários e prestadores de serviços. A empresa não cumpriu o pagamento de taxas, serviços e ainda foi acusada de não pagar o FTGS e atrasar salários.
No mesmo dia a Anac suspendeu o Certificado de Operador Aéreo (COA) da Itapemirim que ficou impedida de manter seus voos regulares. O temor da agência era referente as questões de segurança, visto os problemas enfrentados pela companhia aérea em apenas cinco meses de operação.
No dia 24 de fevereiro de 2022 a Justiça afastou Sidnei Piva do controle da Itapemirim. Desde então a companhia amarga uma série de processos, inclusive movidos pelo Procon.
* Texto atualizado às 13h15 do dia 14 de abril de 2022.