Executivos da Airbus e Boeing se uniram para defender restrições no uso da tecnologia
Marcel Cardoso Publicado em 22/12/2021, às 13h00 - Atualizado às 14h06
Fabricantes alegam potencial risco de interferências nos sistemas dos aviões, comprometendo a segurança de voo | Foto: Dassault Falcon
A implantação do 5G poderá criar um grave problema de segurança para a aviação em todo o mundo. Existe o temor que a tecnologia de comunicação possa afetar o funcionamento do radioaltímetro, utilizado justamente para aferir a altitude de voo dos aviões.
Os executivos da Airbus e da Boeing enviaram formalmente uma carta para a Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos, solicitando que a implantação da tecnologia móvel 5G, prevista para janeiro, seja adiada.
O Secretário de Transportes dos Estados Unidos, Pete Buttigieg, que recebeu o documento, foi alertado pelo CEO da Boeing, David Calhoun, e pelo CEO da Airbus nas Américas, Jeffery Knittel, que o 5G pode causar interferências graves na segurança de voo.
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O radioaltímetro é um equipamento que utiliza ondas eletromagnéticas para analisar a altura da aeronave acima do solo e que é de vital importância para o GPWS (sistema de alerta de proximidade do solo), que alerta a tripulação para o risco de colisão com a superfície, seja em solo ou na água. Além disso, é utilizado pelo sistema pouso automático (autoland), onde o avião realiza todo o procedimento de forma autônoma e empregado especialmente em condições climáticas adversas, com baixa ou nenhuma visibilidade horizontal ou vertical.
No início do mês, a Administração Federal de Aviação (FAA) a agência que cuida da aviação civil dos Estados Unidos, dispensando a audiência pública normalmente feita antes que uma nova norma seja publicada, proibiu o uso do autoland e alguns outros sistemas durante voos de baixa altitude em áreas com cobertura do 5G.
Os executivos defendem a limitação do espectro da tecnologia no entorno de aeroportos, pois caso contrário, a quantidade de voos atrasados, cancelados e alternados poderá aumentar nos próximos meses, em um momento em que o mercado está se recuperando dos efeitos da pandemia de covid-19.
Caso nenhuma medida seja tomada, o temor dos fabricantes e autoridades é um aumento exponencial dos riscos de acidente aéreos em todo o mundo.