Passageiro havia ganho o voo de presente de colegas, mas uma série de erros comprometeu o passeio
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 14/04/2020, às 17h00 - Atualizado às 17h44
Homem acionou acidentalmente a alavanca de ejeção por corpo ter flutuado no assento do avião
Um homem de 64 anos se ejetou acidentalmente de um Rafale B após acionar sem querer o sistema de ejeção do assento. O incidente ocorreu em 2019, na França, quando o caça voava a mais de 500 km/h. Entretanto, apenas agora as autoridades liberaram detalhes do caso.
O desembarque forçado acabou sem maiores problemas, mas as autoridades aeronáuticas apontam que o dispositivo foi acionado após uma série de erros, visto que é necessário a realização de um detalhado briefing antes de todos os voos.
Os investigadores descobriram que o homem ao sentir o corpo flutuando durante a decolagem de alta performance se agarrou involuntariamente na alavanca de ejeção, tentando firmar no banco. A força colocada sobre o dispositivo foi suficiente para causar uma ejeção não planejada, que ocasionou ainda a perda do capacete.
Durante a investigação foi encontrada uma série de erros no preparo do voo, incluindo uma instrução inicial mal realizada e a má amarração do passageiro nos cintos de segurança. Além disso, o piloto não estava ciente da limitação médica do carona, assim não poderia exceder os 3,7 g durante a decolagem com o passageiro civil.
Detalhe mostra cinto de segurança fixado de maneira incorreta
A principal causa do incidente está relacionada a forma como o homem foi preso aos cintos de segurança, que estavam soltos o bastante para permitir que seu corpo flutuasse sobre o assento. Segundo o relatório, o passeio foi um presente planejado pelos colegas, ainda que o homem nunca tenha expressado o desejo de voar em um avião de caça. As autoridades descobriram que o infeliz passageiro não se sentiu a vontade de recusar o presente, que considerou um gesto de afeição por parte dos colegas.
Graças ao fato do passageiro estar utilizando um relógio que media sua frequência cardíaca, os investigadores encontraram registros entre 120 e 145 batimentos por minuto antes do voo, valor considerado taquicardia total para uma pessoa com pouco preparo e com idade superior aos 60 anos. A medição seria suficiente para abortar um voo em uma aeronave de elevado desempenho.
Imagem feita por colegas mostram o homem de 64 anos já fora do caça, segundos após a decolagem
Os investigadores concluíram que após o Rafale B iniciar a violenta mudança de direção, iniciando uma subida de alta performance, um reflexo involuntário, estimulado pelo estresse e pelo movimento repentino do jato, levou o homem a acionar a alavanca de ejeção pouco acima dos 500 metros do solo.
Ainda que o incidente não tenha causado vítimas, as autoridades francesas avaliam qual grau de periculosidade teve o voo e quais medidas devem ser tomadas para evitar uma nova situação do tipo.