Atual administração dos EUA irá reavaliar acordo formalizado na gestão do presidente Trump
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 28/01/2021, às 17h00 - Atualizado às 17h27
Emirados Árabes planejam adquirir um lote de cinquenta F-35A, avaliados em US$ 23 bilhões
Uma das primeiras iniciativas da política internacional do Presidente Joe Biden poderá interromper a venda dos caças F-35 para os Emirados Árabes Unidos.
O acordo havia sido formalizado entre a administração Trump, em um processo de aproximação dos Estados Unidos com os principais países do Oriente Médio. A venda é estimada em US$ 23 bilhões e prevê cinquenta caças F-35.
Na época da assinatura do contrato, formalizado dentro do Acordos de Abraham, que inclui a melhora nas relações entre os Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Israel. O então presidente Trump havia afirmado que a transação fazia parte do esforço de integração da segurança regional, especialmente contra a ameaça do Irã aos demais países do Golfo.
De acordo com o Departamento de Estado, a revisão é uma ação administrativa de rotina que ocorre quando uma nova administração assume o governo e um contrato estratégico ainda está em aberto.
“Esta é uma ação administrativa de rotina, habitual na maioria das transições, e demonstra o compromisso da [atual] administração com a transparência e boa governança, bem como assegurar que as vendas de armas dos Estados Unidos vão ao encontro dos nossos objetivos estratégicos de apoiar parceiros de segurança no seu fortalecimento, interoperacionalidade e maior capacidade”, afirmou em nota o Departamento de Estado.
Ainda que o processo seja usual, o Governo dos Emirados Árabes Unidos se adiantou em tomar uma posição diplomática com o caso. O embaixador do país em Washington, Yousef Al Otaiba’s, declarou que Abu Dhabi trabalha para renovar o diálogo regional e trabalhará em estreita colaboração com o governo Biden para manter a estabilidade no Oriente Médio.
“Acolhendo os esforços conjuntos para diminuir as tensões e renovar o diálogo regional, os Emirados Árabes Unidos trabalharão em estreita colaboração com a administração Biden em uma abordagem abrangente para a paz e estabilidade no Oriente Médio”, afirmou Yousef Al Otaiba’s.
O embaixador ainda destacou que a compra dos caças vai além da aquisição de material bélico, permitindo o país manter parte dos esforços de equilíbrio militar na região. “Isso também permite que os Emirados Árabes Unidos assumam mais os encargos regionais para a segurança coletiva, liberando ativos dos Estados Unidos para outros desafios globais”, declarou Otaiba’s.
O senador democrata Chris Murphy havia acusado anteriormente os Emirados Árabes de fomentar a guerra civil na Líbia, utilizando drones armados e violando regras de uso final das aeronaves.
Uma decisão final sobre a venda dos caças deverá ser confirmada das próximas semanas. Caso confirmado, elevará as capacidades dos Emirados Árabes para níveis próximos de Israel e da Arábia Saudita.