Affinity seria utilizado pelo programa AS2 da Aerion, que suspendeu as atividades
Por Gabriel Benevides Publicado em 26/05/2021, às 16h00 - Atualizado em 29/05/2021, às 15h14
Motor estava em fase avançada de desenvolvimento
A General Electric divulgou que está interrompendo o desenvolvimento do motor supersônico Affinity, que deveria ser utilizado pelo jato de negócios AS2. A decisão ocorre menos de uma semana após a Aerion anunciar o fim das suas atividades.
O Affinity seria o primeiro motor supersônico civil em 55 anos, desde o desenvolvimento do Olympus, que impulsionava o Concorde. O novo motor estava em desenvolvimento desde maio de 2017, sendo um hibrido entre o núcleo derivado do CFM56 e turbina de alta pressão adaptada do GE F110, utilizado no F-15E Strike Eagle.
Um dos diferenciais do projeto era conceber um motor capaz de voar de maneira eficiente tanto em regime supersônico quanto subsônico, oferecendo uma capacidade de by pass ratio média, na ordem de 3:1.
Além da falta de investimentos obtidos pela Aerion, que enfrentou dificuldades em obter novas linhas de crédito no curto prazo, um dos entraves dos voos supersônicos é o chamado estrondo sônico, que pode afetar a qualidade de vida nas áreas sobrevoadas. Dependendo da altitude ainda possui potencial para causar extensos danos no solo, como quebra de janelas, destelhamento de imóveis, entre outros.
Com a nova realidade, a General Electric anunciou que irá realocar o seu corpo de engenheiros para outros projetos em desenvolvimento. Por ora, apenas a Rolls-Royce, que era uma das sócias no Olympus, usado pelo Concorde, segue no desenvolvimento de um motor supersônico, que será utilizado pelo programa Boom Overture, que prevê desenvolver um avião comercial supersônico ainda nesta década. Os primeiros voos experimentais do modelo devem ocorrer até 2022.
Ainda que a General Electric tenha anunciado a suspensão do desenvolvimento do motor supersônico civil, existe uma grande expectativa sobre a Spike Aerospace, que ainda não definiu a motorização do seu avião S-512. O projeto está em fase avançada de desenvolvimento e a certificação é esperada para meados de 2028.