Expansão de linhas regionais em todo o território da China poderá beneficiar segmento disputado pelos EJet-E2
Por Gabriel Benevides Publicado em 19/03/2021, às 18h00 - Atualizado às 19h21
Embraer acredita que família E-Jet E2 poderá se beneficiar da expansão do mercado regional chinês
A Embraer continua apostando no potencial de crescimento no mercado chinês, que deverá se consolidar como o maior do mundo nos próximos anos. O fabricante brasileiro acredita no sucesso da família E-Jet E2 em linhas regionais, especialmente graças ao tamanho do mercado interior da China.
Embora o país asiático tenha estabelecido grandes cidades nas últimas três décadas, o interior do país ainda reúne grande parte da população e está cada dia mais conectado aos centros urbanos como Xangai e Pequim. Rotas regionais entre cidades pequenas e médias também cresceram consideravelmente nos últimos anos.
Em entrevista ao portal japonês Nikkei Asia, Arjan Meijer, CEO da Embraer Aviação Comercial, disse que o fabricante brasileiro tem um grande potencial de mercado na China, mesmo com o rápido crescimento da Comac, o novo fabricante local para aviação comercial.
O executivo aposta que a família E2, com as versões com capacidade entre 100 e até 146 passageiros poderá complementar a família de jatos C919 da Comac, criado para disputar a faixa acima de mercado, disputando com as famílias A320neo e 737 MAX.
Ao considerar as projeções de mercado, a Embraer avalia que nos próximos dez anos a demanda mundial será de aproximadamente 5.500 jatos regionais com até 150 assentos, sendo que um terço desta demanda virá apenas da Ásia, especialmente da China.
"Com as ambições da China de se expandir para as cidades regionais e países asiáticos vizinhos, acreditamos que dar às companhias aéreas chinesas acesso ao E2 oferece grandes oportunidades", disse Meijer ao Nikkei Asia.
Apesar de ter sido o epicentro do surgimento do novo coronavírus, a demanda de passageiros no mercado doméstico chinesa está recuperando rapidamente, já com níveis próximos de 2019, no pré-pandemia.
O processo da China se tornar o maior mercado de aviação comercial do mundo deverá ganhar novo folego, já que os Estados Unidos e Europa ainda estão sofrendo com os efeitos diretos da crise causada pela covid-19. A franca recuperação do mercado chinês, somado ao potencial se de tornar o maior do mundo certamente interessa aos planos de curto e médio prazo da Embraer.
De acordo com dados da consultoria de aviação Cirium, a Embraer possui atualmente 96 jatos em operação na China, o que representa 2,6% da frota aviões comerciais do país. A Comac entregou, por ora, apenas 42 aeronaves da família ARJ21, o que representa 1,1%.
A Comac prevê um avanço considerável de sua participação no mercado chinês para os próximos anos, tanto que os planos atuais são primeiro conquistar a confiança das empresas aéreas locais, que sozinhas podem absorver mais de 3.000 aviões da família C919. O fabricante também não descarta comercializar seus aviões no exterior, mas diz que este projeto ocorrerá apenas em um segundo momento.
Com a possibilidade da exportação de aeronaves como o C919 para outros países, Meijer aposta que a experiência da Embraer poderá ser fundamental para a conquistar a confiança de novos clientes na Ásia, que ainda contam com uma estabelecida rede de apoio na China, Cingapura, Índia e Filipinas, incluindo ainda um centro de simuladores no Japão.
Com a redução nos pedidos de aeronaves de fuselagem larga registrada nos últimos meses, previsto para ser uma tendência nos próximos dois anos, a Airbus, principal rival da Embraer, também avalia o potencial de crescimento da China no mercado de aviação comercial. O ingresso dos A220 no mercado chinês poderá ser crucial para o consórcio europeu se estabelecer no segmento de aeronaves regionais.