Expectativa é produzir apenas 72 aviões até o final de 2020, ante os 125 planejados originalmente
Por Gabriel Benevides Publicado em 03/08/2020, às 17h30 - Atualizado às 18h19
Baixa demanda na produção do 737 MAX foi potencializada pela pandemia do novo coronavírus
Uma das principais fornecedoras de componentes da família 737 Max, a Spirit AeroSystems, anunciou que deverá demitir aproximadamente 1.100 funcionários após a Boeing reduzir a demanda projetada para a produção dos aviões.
A expectativa iniciar era montar 125 unidades do modelo em 2020, mas com os efeitos da pandemia, somado a proibição de voos com 737 MAX que se entende por mais de um ano, o número de entregas deverá ficar em 72 unidades, representando um saldo negativo de 80% na comparação com 2019.
"Nossa taxa de produção de aeronaves comerciais caiu de uma marca histórica para volumes significativamente mais baixos em questão de meses", disse Tom Gentile, presidente e CEO da Spirit, em comunicado à imprensa. “Estamos adotando esta ação [demissões] para ajustar nosso nível de emprego com a demanda reduzida de nossos clientes. Essa ação, juntamente com as ações anteriores, visa reduzir custos, aumentar a liquidez e posicionar a Spirit para permanecer financeiramente saudável enquanto passamos por um período de recuperação no mercado de aviação comercial”
O fabricante deverá transferir alguns de seus funcionários para a unidade dedicada aos contratos de defesa, reduzindo assim o impacto na perda de postos de trabalho. O anuncio será a quarta rodada de demissões somente neste ano.
Como se não bastasse a crise ocasionada pelo groundeamento do 737 MAX, que gerou ainda mais incertezas na carteira de pedidos do modelo, incluindo uma série de cancelamento, a Spirit acredita que a recertificação do modelo poderá representar um alívio nas crescentes perdas geradas pela crise na aviação comercial e da proibição das operações com o modelo mais popular da Boeing.
A Boeing acredita que a nova certificação para o 737 MAX deverá ser obtida em meados do terceiro trimestre de 2020, permitindo uma retomada dos voos em meados de dezembro. O fabricante reportou perdas de US$ 2,4 bilhões no segundo trimestre e anunciou mais cortes de empregos, além de manter a produção reduzida, à medida que a demanda por aeronaves comerciais diminuiu por conta da pandemia de coronavírus.
A Spirit AeroSystems também é uma das fornecedoras de estruturas para o 747, que segundo a Boeing será descontinuado até meados de 2022, após a falta de novos pedidos para as versões de passageiros e cargas.