Falta de orçamento pode limitar capacidade de porta-aviões britânico

Relatório mostra que o Min.Defesa não alocou orçamento para compra do total de F-35 planejados

Por Edmundo Ubiratan Publicado em 28/08/2020, às 14h00 - Atualizado em 01/09/2020, às 10h03

 

Reino Unido não disponibilizou orçamento para a compra de um novo lote previsto do F-35

O Reino Unido poderá adquirir apenas metade dos caças F-35B planejados inicialmente, reduzindo substancialmente sua projeção de força aeronaval. O país pretendia adquirir até 138 caças de quinta geração, que seriam utilizados especialmente pela Royal Navy nos porta-aviões da classe Queen Elizabeth.

O relatório do Escritório de Auditoria Nacional (NAO, na sigla em inglês) destaca que não foi disponibilizado orçamento suficiente para a compra do total de caças projetado. O relatório Carrier Strike – Preparing for deployment alerta que Ministério da Defesa (MoD) precisa se concentrar no desenvolvimento de elementos de apoio cruciais para fazer pleno uso do grupo de ataque embarcado.

Um exame da gestão do programa pelo MoD desde 2017 aponta o elevado risco de não ser possível atingir todas as capacidades planejadas pela marinha real britânica. O grupo de ataque embarcado deverá atingir sua capacidade operacional inicial a partir do dia 1 de dezembro de 2020, porém, até o momento parte dos sistemas necessários não atingiram a capacidade necessária.

Um dos alertas é em relação a capacidade de radar, ainda distante dos requisitos operacionais exigidos, assim como a compra dos F-35 que deveria ser de 138 caças, mas até agora foram encomendadas 48 unidades, com apenas 18 entregues.

O cronograma para desenvolver capacidade operacional total até 2023 continua apertado, tanto em termos operacionais quanto de orçamento aprovado. O documento aponta que o MoD não sabe quanto custará o seu grupo de ataque embarcado durante sua vida útil planejada em 40 anos. “Por exemplo, ainda não foram tomadas decisões importantes sobre o aprimoramento da capacidade em longo prazo, como substituir ou ampliar os helicópteros Merlin”, destaca o relatório do NAO. “O MoD pode não ter feito provisão suficiente nos orçamentos dos anos posteriores para os custos totais do grupo de ataque embarcado”.

Além disso, a analise realiza mostra que os custos para aquisição dos caças F-35 tiveram um acréscimo de 15% em apenas três anos, passando de £ 9,1 bilhões (R$ 65,4 bilhões) em 2017 para £ 10,5 bilhões (R$ 76 bilhões) em 2020, sob argumento de alta nas despesas adicionais em atualizações de sistema, integração de armas do Reino Unido e custos de manutenção.

“O MoD fez um bom progresso com os itens caros necessários para entregar o Carrier Strike (grupo de ataque embarcado), como os porta-aviões, o primeiro esquadrão de jatos e a nova infraestrutura. Mas deve dar muito mais atenção aos recursos de suporte necessários para fazer uso total do grupo de ataque”, alertou Gareth Davies, o chefe do NAO.

A defesa britânica ainda adiou o recebimento de sete F-35 para 2025, um ano depois do planejado, por causa de pressões financeiras, parte oriunda da saída do bloco europeu. A intenção é adquirir 138 caças F-35 a partir de 2015, quando foram encomendados inicialmente 48 aviões, com expectativa de completar o pedido na sequência. Todavia, não houve disponibilidade orçamentária para a compra do segundo lote.

“O MoD também precisa ter um controle mais firme sobre os custos futuros do Carrier Strike. Ao não compreender toda a sua extensão, corre o risco de aumentar a pressão financeira sobre um orçamento de defesa que já é inacessível”, aponta Davies.

O relatório mostra que o MoD ainda não disponibilizou fundos suficientes para sustentar as operações do F-35 e nem do grupo de ataque embarcado ao longo dos próximos anos.

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