Fabricante chinês vende 100 aviões enquanto empresas ocidentais acumulam perdas

Comac formalizou um contrato para os jatos ARJ21 e C919, ampliando acesso ao bilionário mercado doméstico da China

Por Edmundo Ubiratan Publicado em 23/10/2020, às 16h00 - Atualizado às 16h46

Comac C919 deverá ser certificado no próximo ano e será rival dos Airbus A320neo e Boeing 737 MAX

A companhia aérea regional China Express Airlines e a Comac formalizam um acordo para cem aeronaves das famílias ARJ21 e C919, com as primeiras entregas ocorrendo ainda este ano.

Mesmo tendo divulgado o acordo, a China Express não detalhou quantos aviões de cada modelo prevê receber, mas afirmou que o contrato ainda está sendo detalhado. A escolha dos modelos produzidos pela Comac é uma mostra do futuro da aviação chinesa, que poderá contar com um considerável número de encomendas de aeronaves de produção local.

A estrela da Comac, o C919, compete diretamente com os ocidentais Airbus A320neo e Boeing 737 MAX, mas o fabricante de Xangai declarou em diversas oportunidades que o foco não é competir pelo mercado global, mas disputar o bilionário mercado interno da China. O país asiático é atualmente o maior mercado de aviação doméstica no mundo, superando os Estados Unidos, que pode várias décadas liderou absoluto no número de passageiros transportados.

A Comac afirma que, em um primeiro momento, espera obter um terço do mercado interno chinês, o que pode representar mais de 1.500 aeronaves no curto prazo. Ainda assim, a Comac não descarta em um segundo momento focar em mercado internacionais, especialmente em países com forte influência de Pequim.

Nações do sudeste asiático, parte da África e América Latina, sofrem com o baixo crédito nos principais bancos europeus e norte-americanos, abrindo espaço para que Pequim financie encomendas de empresas locais para a maior parte do portfólio de aeronaves produzidos pela Comac e demais fabricantes chineses. Uma das apostas inclusive envolve a venda de equipamentos militares, ocupando parte do espaço perdido pela Rússia após a dissolução da União Soviética há quase trinta anos.

A encomenda da China Express ainda simboliza um apoio a indústria local, em um momento que a maior parte dos fabricantes do mundo sofrem com a retração causada pela pandemia de covid-19. Além disso, a empresa aérea e a Comac devem ampliar a cooperação em projetos e otimização de aeronaves, serviços e expansão de mercado. Um dos desafios da indústria aeroespacial chinesa é obter uma vasta rede de suporte global, considerado fundamental para conquistar novos contratos internacionais.

O C919 deverá ser certificado pelas autoridades de aviação chinesas em meados de 2021.

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