Militares tiveram a ajuda de indígenas para localizar os destroços da aeronave na região amazônica
Por André Magalhães Publicado em 07/02/2022, às 12h00 - Atualizado em 08/02/2022, às 19h35
Uma primeira busca foi feita em 2012, mas não teve sucesso | Foto: Exército Brasileiro
O Exército Brasileiro localizou um avião que desapareceu na região amazônica há quase 80 anos, durante a 2º Guerra Mundial. A operação de busca ocorreu entre os dias 27 e 31 de janeiro, sendo realizada pelo 34° Batalhão de Infantaria de Selva, Batalhão Veiga Cabral.
A expedição que localizou os destroços de um bombardeiro Martin B-26G Marauder norte-americano ficou concentrada na região da Aldeia Santa Isabel, local próximo ao Oiapoque, Amapá.
Os militares tiveram a ajuda de indígenas locais que, com o conhecimento das matas, deram suporte aos batalhão Veiga Cabral na ousada expedição.
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Entre os destroços da aeronave, estão o estabilizador vertical (cauda da aeronave), partes das asas e da fuselagem, uma metralhadora e um motor radial com as hélices.
Algumas informações deram conta que uma busca sem sucesso havia sido feita em 2012.
Condições ambientais foram um dos fatores para localizar a aeronave | Foto: Exército Brasileiro
“Nós fizemos um bom contato com a população local, onde fomos muito bem recebidos pelo pessoal da aldeia, deixamos a nossa embarcação militar e pegamos algumas canoas pequenas que eles chamam de "casco" para poder conseguir se aproximar da montanha”, disse uma fonte em nota publicada pelo site Portal Viajante.
Em um documento escrito por John Moech foi relatado como os índios da tribo Paliku testemunharam o acidente com o B-26G.
Foi descrito pelo autor que em uma tarde de nublada de janeiro de 1945, os índios, na época ainda bem afastados do mundo fora das matas, observaram o B-26G sobrevoando a região perto da montanha Varakyri. Minutos após o a observação da aeronave houve uma grande explosão.
O fato curioso é que os nativos chamaram o avião de “Canoa Voadora”, isso porque a referência dos índios Piliku era“o máximo que os nativos conheciam, uma simples canoa”, relatou Moech em seu documento.
Também foi descrito que os norte-americanos acharam a aeronave e que houve ao menos quatro vítimas fatais do acidente, que tiveram seus corpos resgatados e uma cerimônia fúnebre adequada.
No entanto, o avião foi esquecido na história e só voltou à tona quase 80 anos depois, agora com uma iniciativa do Exército Brasileiro com ajuda de indígenas.
O B-26 Marauder foi um bombardeiro de média capacidade utilizado pelos Estados Unidos e alguns aliados, com destaque para as Forças Aéreas da França Livre e a Força Aérea Real Britânica (RAF, na sigla em inglês) durante a Segunda Guerra Mundial.
O avião transportava sete tripulantes, sendo dois pilotos, um radio operador (que era responsável também pelo lançamento das bombas), um navegador e três operadores de metralhadoras.
Na Segunda Guerra Mundial foram construídos mais de 5.644 unidades do bombardeiro B-26 | Foto: Museu Nacional da Força Aérea dos Estados Unidos
O modelo era equipado com dois motores radiais Pratt & Whitney R-2800-43 Double Wasp de 18 cilindros, que ofereciam até 2.200 hp, cada.
O B-26G podia levar até 1.800 kg de bombas, além de estar equipado com onze metralhadoras .50 M2 Browning ao longo de sua estrutura e usadas como defesa contra caças inimigos.
O B-26 foi construído pela Glenn L. Martin Company, entre 1941 e 1945, sendo usado especialmente nas operações dos Estados Unidos no Pacífico, Mediterrâneo e Europa.
Durante a 2º Guerra Mundial, a Marinha dos Estados Unidos construiu e operou uma base aeronaval no estado do Amapá, que serviu de apoio às missões norte-americanas na Batalha do Atlântico Sul (1939-1945), conflito naval entre os Aliados e o Eixo (Alemanha e Itália). O alvo dos bombardeiros eram os submarinos alemães que atacavam embarcações civis e militares na costa da América do Sul, em especial do Brasil.
A aproximação do governo de Getúlio Vargas com o governo norte-americano possibilitou a construção da extinta base, assim como de outras instalações militares dos Estados Unidos no nordeste brasileiro.
A estrutura foi utilizada por bombardeiros, aviões de patrulha e até dirigíveis durante este importante período histórico.
O uso da base aeronaval durou mais alguns anos após o fim dos conflitos. Os EUA mantiveram essa e outras bases pelo país como uma forma estratégica governamental, mas logo o Brasil retomou a presença militar e, em alguns casos, desativou completamente as instalações.
Hoje, a base está abandona, mas algumas estruturas estão no local que poderia ser considerado um "museu" a céu aberto. O local utilizado por militares dos EUA está situado a cerca de 300km de Macapá.
* Texto atualizado dia 8 de janeiro, às 19h.
Ao contrário do inicialmente relatado, o avião já havia sido encontrado pelas forças armadas dos EUA. O caso caiu no esquecimento, mas foi redescoberto pelo Exército Brasileiro em 2022.