Empresa está negociando acordo para receber unidades já produzidas do avião
Por Gabriel Benevides Publicado em 24/11/2020, às 11h00 - Atualizado às 15h17
Boeing negocia parte dos 737 MAX já produzidos e que tiveram seus pedidos cancelados
A Delta Air Lines negocia um acordo para aquisição do 737 MAX com a Boeing, podendo receber algumas aeronaves já produzidas e que tiveram seus pedidos cancelados ao longo dos últimos meses.
A companhia aérea norte-americana tem padronizado sua frota com modelos da Airbus, mas estuda adicionar o 737 MAX, dependendo das negociações com a Boeing e o andamento do processo de recolocação do modelo em operação.
Recentemente a Boeing abordou uma série de empresas aéreas, incluindo operadores do rival A320neo, para oferecer o 737 MAX, especialmente em relação as aeronaves já construídas para clientes que desistiram do acordo e empresas que declararam falência nos últimos meses.
Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, Ed Bastian, CEO da Delta Air Airlines, confirmou as negociações com a Boeing, mas destacou que um eventual contrato depende da retomada dos voos do 737 MAX e quais serão os índices de disponibilidade e segurança do modelo. “Se houvesse uma oportunidade em que nos sentiríamos confortáveis em adquirir o MAX, não hesitaríamos em fazer isso”, afirmou Bastian ao Financial Times.
A companhia aérea está acompanhando de perto os últimos desdobramentos da recertificação, para então decidir formalmente a escolha do avião da Boeing que está há 20 meses sem voar.
Desde abril de 2020, no auge da suspensão de voos em todo o mundo, a Delta vem conversando com a Boeing sobre o 737 MAX, visando substituir parte da frota, incluindo os já veteranos 717. Porém, o acordo tem demorado mais do que o usual por conta dos enormes prejuízos do setor aéreo e a incerteza da retomada dos voos em níveis pré-pandemia.
Pesa conta o 737 MAX, além da imagem arranhada pelos dois acidentes fatais e os vinte meses sem poder voar, os prejuízos obtidos pela Southwest, American e United em decorrência da ausência do avião em suas frotas ao longo de 2019, comprometendo o planejamento de voos e tornando pouco rentável algumas rotas operadas por concorrentes com o A320neo.
A pandemia tornou o cenário de recolocação dos 737 MAX já construído ainda mais desafiador para a Boeing que tem que alcançar e convencer novos clientes durante a maior crise da história da aviação.
Pesa a favor do fabricante norte-americano o anuncio da Alaska Airlines em devolver dez A320 em serviço, que serão substituídas no futuro próximo por treze 737 MAX 9, que devem ser entregues no quarto trimestre de 2021, quando vão se juntar aos 32 MAX já recebidos pela empresa. Coincidentemente a Alaska Airlines tem sua sede em Seattle, região que abriga a maior parte das fabricas da Boeing, o que torna mais simbólica a substituição.
A Alaska Airlines tem evitado divulgar uma data para retorno da operação do 737 MAX, mas ao lado de outras empresas que contam com o modelo na frota, tem ensaiado o retorno das operações com o avião. A America Airlines, por exemplo, espera recolocar seus MAX em serviço a partir do dia 29 de dezembro, enquanto a Southwest e United planejam operar o jato somente entre o primeiro e segundo semestre de 2021, respectivamente.