Advertência foi a declaração pública mais dura feita pela empresa aérea árabe
Por Marcel Cardoso Publicado em 24/05/2021, às 10h00 - Atualizado às 11h37
Problemas causados pela crise sanitária atrasou ainda mais o desenvolvimento do 777X
Em mais uma advertência aos atrasos da Boeing em certificar o novo 777-9, a Emirates Airline, maior cliente do modelo, ameaçou a cancelar a totalidade dos pedidos. A empresa que já reduziu parte do pedido original e anunciou a compra do rival da Airbus, o A350-1000, está preocupada com a falta de informações sobre o programa de desenvolvimento.
Em entrevista à agência Reuters, nesta segunda-feira (24), o CEO da Emirates, Tim Clark, disse que a companhia pode desistir das entregas do 777X, caso a fabricante não cumpra compromissos de desempenho previstos em contrato.
Clark afirmou não ter recebido até agora nenhum detalhe sobre o desempenho dos motores da aeronave, apesar de os voos de teste já estarem em andamento. O executivo se mostrou preocupado com o histórico recente de promessas exageradas envolvendo os lançamentos do 737 MAX e do 787 Dreamliner.
"Não aceitaremos um avião a menos que ele esteja executando 100% do contrato. A menos que esteja fazendo o que eles [Boeing] disseram que [o 777-9] faria e contratamos, não levaremos aquele avião”, alertou Clark.
A Emirates tem 126 encomendas ativas do Boeing 777-9 e outras trinta do 787 Dreamliner, em um pedido avaliado em mais de US$ 50 bilhões (R$ 267,3 bilhões). Atualmente a empresa árabe é a maior cliente de aeronaves de fuselagem larga do fabricante norte-americano no mundo, com 145 aeronaves em serviço, composta integralmente pelo 777-300ER.
O programa 777X, que deverá dar origem aos 777-9 e ao 777-8, acumula uma série de atrasos e problemas. Um dos maiores incidentes foi a explosão da fuselagem em um teste estático, que ocorreu em uma área que não havia sequer previsão que fosse sofrer problemas estruturais. Uma revisão emergencial no projeto atrasou o primeiro voo, que somou aos problemas com o motor GE9X, desenvolvido pela GE Aviation, que retardou ainda mais o início da campanha de ensaios em voo.
Por fim, as incertezas no transporte aéreo desde abril de 2020 tem levado a Boeing a ter cautela no andamento do projeto, evitando ter o avião certificado e pronto para entregas antes da retomada da demanda.