Atrasos acumulados ameaçam o futuro do maior avião em desenvolvimento pela Boeing
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 26/02/2022, às 18h00
A Emirates Airline poderá cancelar todos os pedidos para o Boeing 777-9 caso a entrada em serviço não ocorra em 2023. A empresa árabe é o principal cliente do novo 777X e esperava receber o avião em 2020, mas algumas fontes da Boeing afirmam que os atrasos podem fazer que o primeiro avião seja entregue, no pior dos casos, em 2026.
A Boeing enfrenta uma série de atrasos no programa 777X, com destaque para dificuldades no andamento do projeto e um forte escrutínio por parte das autoridades aeronáuticas, sobretudo da FAA, a agência de aviação civil dos Estados Unidos. Além disso, os atrasos ainda enfrentam os problemas causados pela crise sanitária.
De acordo com a agência Reuters, o CEO da Emirates, Tim Clark, estaria endurecendo o tom com a Boeing, visto os constantes atrasos no programa e a pouca transparência na condução da crise.
“Honestamente, se for além de 2023 e continuar por mais um ano, provavelmente cancelaremos o programa”, disse Tim Clark ao AirlineRatings.
A Emirates já havia reduzido o pedido para o 777-9 de 150 aviões para 115, convertendo parte do acordo para trinta 787 Dreamline. Porém, o modelo também acumula atrasos na produção e a há vários meses não pode ser entregue. A FAA agora deverá certificar individualmente cada avião, visando uma auditoria severa na qualidade de produção do Dreamliner, que se tornou uma das mais problemáticas do fabricante.
A Boeing já produziu, antes mesmo da certificação, doze 777-9 para a Emirates, que estão armazenados e sem motores. Um dos riscos é uma mudança profunda no projeto exigir que os aviões passem por um recall, aumentando os atrasos e os custos de produção.