Três destas grandes empresas do Brasil fizeram parte da chamada "era de ouro da aviação" e tinham destaque internacional
Por André Magalhães Publicado em 20/12/2021, às 16h12 - Atualizado às 18h54
A suspenção das operações da ITA Transporte Aéreos nos faz lembrar de tempos passados tristes para a aviação comercial brasileira, que em sua história foi recheada de históricas companhias aéreas que apenas existem hoje na saudade e na lembrança.
O cenário brasileiro conta com apenas com quatro grandes empresas aéreas no Brasil, um cenário bem diferente do passado que o mercado era cheio de compahias. Desde 2001 para 2021 cerca de seis empresas encerram suas operações no Brasil, vamos relembrar alguns destes casos.
A Viação Aérea Rio-Grandense, ou simplesmente, Varig, iniciou suas atividades em maio de 1927. A empresa fundada por Otto Ernest Meyer foi a primeira a obter o registro de companhia aérea no Brasil. Ao longo dos anos a Varig se destacou pelos voos na ponte aérea com o Electra e pelas rotas internacionais, onde se tornou mundialmente famosa por seu serviço de bordo da primeira classe.
A Varig foi a pioneira na chamada Era do Jato, ao receber o Caravelle em 1959, saindo na frente das rivais. No ano seguinte chegava ao país o Boeing 707-441, que permitia voar sem escalas entre o Rio de Janeiro e Nova York, superando assim o 707 da rival Pan American World Airways.
A frota da empresa contou com modelos lendários como o Lockheed Electra, os Boeing 737, 747, 767 e 777, os McDonnel Douglas DC-10 e MD-11, entre outros. A Varig em sua história foi dona de algumas empresas como a Rio Sul e Nordeste (que virou Flex e operou até 2009)
No entanto, nos anos 1990 uma crise começou a afetar o balanço financeiro a empresa, que chegou a ser a maior do país e uma das maiores do mundo, A situação se agravou com o crescimento da TAM (hoje Latam), o ingresso da Gol no mercado e as diversas crises pelo qual passou o Brasil entre o final da década de 1980 e os atentados de 11 de setembro de 2001.
Em 2005 a empresa entrou em recuperação judicial, e cerca de dois anos depois a rival Gol comprou a chamada "parte boa" da companhia, que herdou parte da frota e a totalidade dos horários de operação no Brasil e no exterior. Alguns aviões mantiveram a pintura da companhia, que chegou a ter a imagem renovada em 2007, mas poucos anos depois a Gol retirou a marca do ar. Em 2010, a parte da empresa original, que herdou as dívidas, foi decretada falida.
Outra grande companhia aérea do Brasil foi a Vasp, a Viação Aérea São Paulo, que começou suas atividades em 1933. Formada originalmente por um grupo de empresários, a empresa se também ganhou destaque pelas rotas domésticas e alguns anos mais tarde as internacionais. Por várias décadas a companhia foi administrada pelo governo do estado de São Paulo, sendo privatizada nos anos 1990. Após período de grande crescimento a Vasp entrou em dificuldade no final da década, devolvendo grande parte da frota antes dos anos 2000.
A história da companhia está atrelada a uma outra história: a do aeroporto de Congonhas. Na época de sua fundação o aeroporto era um campo de aviação, sem casas, prédios e demais construções ao redor e teve seu desenvolvimento atrelado a história da Vasp.
A mesma maneira que a concorrente gaúcha, os anos 2000 representaram muitas crises para a companhia, que no ano de 2005, entrou em recuperação judicial, encerrando suas atividades em 2008.
A famosa companhia aérea colorida do Brasil iniciou suas atividades em 1955, formada pelo empresário e piloto Omar Fontana, herdeiro do frigorifico Sadia. A empresa surgiu com objetivo de atender especialmente o transporte de carne entre Santa Catarina e São Paulo.
Em seguida passou a oferecer o transporte de passageiros, e passou a voar para o interior de diversos estados do Brasil. Anos mais tarde, a empresa foi rebatizada como Transbrasil, sendo uma das maiores empresas no mercado doméstico por vários anos, se destacando por sua frota colorida e por ser uma das principais usuárias dos Boeing 727 e 767 no Brasil.
As dificuldades financeiras aliados as variações e mudanças nos planos econômicos do Brasil nos anos 1980 e 1990 foram crucias para derrubar a gigante da aviação.A morte de seu fundador em dezembro de 2000 acelerou o processo de decadência da empresa.
Em 2001, com elevadas dividas com diversas empresas fornecedoras a Transbrasil passou a ter diversos pedidos de falência protocolados por seus credores, incluindo a Gecas, divisão de arrendamento de aeronaves da General Electric Corporation. No final do ano, sem dinheiro para pagar pelo fornecimento de combustível, a Transbrasil realizou seu último voo. Na época a paralisação foi tratada como temporária pelos executivos da companhia.
A últimas das grandes empresas do Brasil a ter sua falência decretada foi a Avianca, oficialmente OceanAir. Criada no início dos anos 2000 com objetivo de atender a demanda de transporte na bacia de Campos, a empresa nasceu usando um King Air apenas para voos fretados entre o Rio de Janeiro e a cidade de Campos. Com o crescimento da demanda e o bom momento da economia brasileira, a OceanAir agregou novas aeronaves na frota, como os Fokker 50, EMB-120 Brasília e mais tarde os Fokker 100 (MK.28, segundo a OceanAir), além dos Boeing 757, 767 e 737.
Os sócios da OceanAir haviam assumido o controle da Avianca na Colômbia, e após um processo de negociação passaram a usar, como marca fantasia, o nome de Avianca Brasil na operação brasileira. Neste período a Avianca operou diversos modelos da Airbus, como os A318, A319,A320, A321 e A330. A empresa ainda foi uma das primeiras no mundo a receber o A320neo, se destacando por sua inovação e renovação da frota.
Em 2019, após uma grave crise, a Avianca Brasil deixou de operar, deixando dividas que chegaram aos R$ 2,6 bilhões. Centenas de funcionários ficaram sem receber seus salários. A falência foi decretada em julho de 2020, em plena pandemia.
Conhecida pelos seus Boeing 737 com uma pintura minimalista, a empresa iniciou suas atividades em 2005 com foco no mercado de ultrabaixo custo. A empresa cresceu ao longo dos anos, ainda que tenha suspendido as atividades por três dias.
Com um bom crescimento no mercado doméstico, a Webjet trouxe mais aviões, se tornando uma das principais do país. Já em 2007 foi adquirida pelo grupo de turismo CVC, que em 2011 vendeu a empresa para a Gol. Entretanto, no ano seguinte, as atividades da Webjet foram encerradas e todos seu espólio absorvido integralmente pela concorrente.
Antes de ser uma empresa de voos regulares, a BRA foi uma empresa aérea charter (para voos fretados). Seu nome era um acrônimo para Brasil Rodo Aéreo, destacando suas operações tanto no fretamento aéreo quanto rodoviário. As suas atividades como empresa aérea de voos regulares começaram em 2005, seis anos após sua criação. Entre as aeronaves destacaram-se os Boeing 737 e Boeing 767. Em 2007 a BRA chegou a anunciar a encomenda de quarenta E-Jet da Embraer, o que a tornaria o cliente de lançamento do jato regional no Brasil.
Neste período a BRA atingia uma parcela significativa do mercado de voos domésticos no Brasil e com algumas operações até para o exterior. No início de 2008, afundada em dívidas, a empresa suspendeu as atividades. Parte da frota foi operada pela OceanAir, que assumiu também alguns destinos.