Crise do coronavírus acelerou cronograma de permanecia de aeronaves, aposentando prematuramente o Boeing 777-200 e 737-700
Por Gabriel Benevides Publicado em 27/10/2020, às 17h00 - Atualizado às 17h27
Frota de dezoito 777-200 serão imediatamente substituídos pelos mais eficientes Airbus A350
A baixa demanda gerada pela pandemia forçou a Delta Air Lines antecipar a reestruturação de sua frota de aeronaves, retirando definitivamente de serviço diversos modelos. Um dos destaques é o fim das operações com o Boeing 777-200, que fará seu último voo no próximo dia 31 de outubro.
A aposentadoria do triplo sete segue a decisão da Delta em aposentar outros modelos, como os MD-90 e 737-700, retirados de operação no início do ano. A decisão de encerrar os voos com o 777 aconteceu após uma análise de custo, onde se tornou mais viável retirar da frota os dezoito aviões do tipo, ao invés de manter a frota estocada aguardando uma melhora da demanda internacional.
“Estamos fazendo mudanças estratégicas e econômicas em nossa frota para responder ao impacto da pandemia da covid-19, ao mesmo tempo em que garantimos que a Delta estará bem posicionada para a recuperação no lado posterior da crise”, disse Gil West diretor operacional da Delta Air Lines.
A decisão da retirada do 777 ocorreu ainda em maio, nas primeiras semanas do fechamento quase global de fronteiras. Além do gigante bimotor, a Delta também antecipou a aposentadoria do Mad Dog no início de junho, ante a previsão inicial de parar de voar com o modelo apenas em 2022.
A estratégia de colocar um fim na carreira do 777 ainda que antecipada está dentro do planejamento de médio prazo da Delta, que já planejava a modernização da frota de longo curso com os Airbus A350 XWB, assim como a renovação dos modelos regionais com os A220. Aliás, a empresa aérea recebeu o primeiro A220 produzido nos Estados Unidos, ampliando sua parceria com o fabricante europeu.
A Delta também aproveitou para aposentar a sua frota de dez Boeing 737-700, que permaneceram por apenas doze anos na companhia e que serão substituídos pelos Airbus A220 nas principais rotas regionais ou de médio alcance.
Com a data marcada para o adeus do 777-200 para 31 de outubro, o Airbus A350-900 deverá ser o sucessor imediato de um dos jatos de maior sucesso da Boeing e na maior parte das empresas aéreas do mundo. Assim, chama atenção o fato de a Delta Air Lines, uma das principais companhias aéreas dos Estados Unidos não ter mostrado interesse em adquirir o 777-300ER, a versão de maior capacidade da família triplo sete, nem mesmo os novos 777-9, dando preferência ao modelo da Airbus como seu principal jato de longo alcance.
Indo na contramão do pessimismo do mercado, a Delta está aproveitando o momento de crise no setor para renovar grande parte de sua frota, tendência que deverá ser seguida por diversas companhias no mundo todo. O momento atual apresenta condições de financiamento e negociações mais favoráveis, podendo representar uma diferença competitiva no curso prazo.