Companhia avalia substituir parte da frota por modelos da Airbus, incluindo o A220
Por Edmundo Ubiratan e Gabriel Benevides Publicado em 29/10/2020, às 11h00 - Atualizado às 12h21
Frota da Southwest é compostas desde 1971 apenas pelo Boeing 737
Em termos econômicos, manter a frota de aeronaves com apenas um modelo pode significantemente resultar em economia em questões orçamentárias tanto na preparação da tripulação, bem como na manutenção, algo que a Southwest, uma das maiores operadoras do Boeing 737 domina essa filosofia operacional, mas por conta da crise do Boeing 737 Max que está impossibilitado de voar desde março do ano passado, a Southwest terá que tomar a sua mais importante decisão em toda a história da companhia - se deverá continuar seu legado apenas com o Boeing 737.
A norte-americana Southwest Airlines foi a principal expoente do que se tornou o atual mercado de baixo custo e tarifas acessíveis. Parte do sucesso se deve a padronização da frota, que desde a fundação da companhia é baseada na família 737. Porém, a crise interminável do 737 MAX poderá fazer a Boeing perder a hegemonia com um dos seus principais e mais fiéis clientes.
Ainda que no passado a Southwest tenha ameaçado, por mais de uma vez, adicionar aeronaves diferentes na frota, o plano jamais passou de algumas declarações. Porém, a perda de competitividade gerada pela paralisação do 737 MAX, que em março de 2021 completará dois anos, somada a crise causada pela pandemia de covid-19, poderá levar a empresa aérea a rever seu plano de frota.
A Southwest terá que tomar a mais importante decisão em toda sua história, se continua seu legado apenas com o Boeing 737 ou amplia o número de modelos em operação. Segundo Gary Kelly, diretor-executivo da Southwest, assim que o Boeing 737 MAX voltar a voar, o conselho administrativo da empresa fará uma profunda avaliação para decidir mantém a manutenção de apenas um modelo na frota ou incorpora aeronaves de outros fabricantes.
O executivo não descartou a possibilidade da Southwest passar a voar com o Airbus A220, avião que se encaixa às necessidades em algumas das rotas regionais, especialmente dentro da projeção futura de mercado criado pela pandemia. Ainda que a expectativa é que os Estados Unidos recuperem no curto prazo sua demanda por transporte aéreo, a pandemia criou uma nova realidade, que começa na maior eficiência no uso de recursos, até a possibilidade de voos ponto a ponto em destinos hoje secundários.
“A única coisa que eu admitiria de bom grado é que se houvesse um cenário para considerarmos uma mudança no tipo de aeronave seria agora, porque não estamos desesperados para expandir a companhia aérea”, disse Kelly.
Uma das opções em estudos pela empresa é a adoção de aeronaves de menor capacidade, mas capazes de substituir com eficiência os atuais 737-700, que estão se aproximando do final da vida operacional. Diversas aeronaves deverão ser retiradas de serviço nos próximos cinco anos, permitindo um planejamento para adição de um futuro modelo na frota.
Atualmente entre as aeronaves disponíveis no mercado se destaca a família A220, da Airbus, e os Embraer 190-E2 e 195-E2, que podem atender a maior parte dos requisitos do 737-700.
“Temos uma ‘tonelada’ de 737-700 que serão aposentados nos próximos cinco a dez anos, queremos substituí-los, mas certamente não estamos pensando apenas em aeronaves com 175 lugares”, destacou Kelly.
Uma eventual mudança na frota impactará não apenas na padronização atual, mas pode representar uma mudança de paradigmas até para o projeto de futuras aeronaves de corpo estreito na faixa de mercado da família 737. Atualmente os principais fabricantes, especialmente a Airbus e Boeig, evitam grandes alterações de projeto entre uma geração e outra de um modelo, visando assim não dificultar a transição das tripulações entre diferentes modelos. Porém, uma eventual mudança na forma como grandes operadores de modelos únicos entendem o planejamento da frota, os fabricantes poderão avaliar abordagens diferentes no projeto de novos aviões.