Guerras civis e conflito contra grupo extremistas têm usado amplamente aeronaves em ataques ao solo
Por André Magalhães e Edmundo Ubiratan Publicado em 14/04/2022, às 10h55
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia se aproxima dos dois meses de intensos embates em várias regiões do território ucraniano. Com uso de aeronaves em ambos os lados, em especial pela força aérea russa, tendo em vista o emprego de caças, bombardeiros, drones e helicópteros contra à Ucrânia.
Contudo, além desta guerra entre a Rússia e a Ucrânia, outros conflitos armados ocorrem pelo mundo e envolvem operações aéreas.
Neste pequeno país do Oriente Médio, os combates e atentados violentos são uma rotina. O uso de meios aéreos é usual em diversas ações contra grupos considerados terroristas por rivais do Iêmen.
Forças pró-Irã ameaçam a população local e países vizinhos, como os Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Israel. O conflito tem sido marcado pelo uso extensivo de drones e caças, em especial dos F-15C da força aérea saudita.
Entretanto, os Estados Unidos enviaram ao longo desse começo de ano os seus caças de 5º geração F-22 Raptor, que chegaram à base aérea de Al-Dhafra, em Abu Dhabi, no dia 12 de fevereiro.
O mês de fevereiro, embora tenha sido marcado pela invasão russa da Ucrânia, concentrou mais de 700 ataques aéreos contra cidades no Iêmen, realizados pela coalização liderada pela Arábia Saudita apoiada pelas forças do governo de Abd-Rabbu Mansour Hadi, contra a milícia rebelde houthit, apoiada pelo Irã.
A guerra civil na Síria começou em 2011, na então Primavera Árabe que prometia levar novos ares de democracia e progresso nos direitos humanos para os países controlados por tiranos no Norte da África. Uma década depois a Síria sustenta violentos conflitos entre apoiadores e opositores do governo do presidente Bashar al-Assad.
A revolução pacífica que se transformou em um guerra civil tem como atores principais a Rússia, que apoia o governo Assad, enquanto o Ocidente, em especial os Estados Unidos, apoia os opositores ao governo do país. E ainda estão envolvidos nisso os grupos extremistas do Estado Islâmico (EI) e a Al-Qaeda.
Com este cenário que as operações aéreas ganharam grande importância. A Rússia tem bases aéreas no território sírio e emprega seus principais caças como o Su-24, Su-25 e Su-34 em ataques ar-solo.
Até mesmo o Su-57, o mais novo caça da força aérea russa, esteve envolvido em operações na Síria. O modelo não havia sequer sido declarado operacional, mas os russos aproveitaram a escalada dos ataques para realizar voos de combate real e ampliar a base de dados de desenvolvimento do caça.
Do lado ocidental, o Reino Unido tem enviado seus Eurofighter Typhoon para a região, inclusive, em dezembro a AERO Magazine reportou o abate de um drone Sírio feito por um caça inglês. A ação foi o primeiro ataque ar-ar operacional de um Typhoon britânico.
A Síria ainda foi palco de mais uma missão inédita, marcando o batismo de fogo do F-22 que em 2015 realizou sua primeira missão real, atacando alvos do Estado Islâmico. Ainda que não fosse necessário usar um caça de quinta geração, a força aérea dos Estados Unidos optou por avaliar as capacidades do F-22 contra um alvo de elevada prioridade e dificuldade. Além disso, a força aérea norte-americana tem realizado uma série de missões de ataque com seus drones armados.
Empregos de meios aéreos foi uma realidade no Afeganistão desde a invasão soviética, no final dos anos 1970, até a resposta aos ataques de 11 de setembro pelos Estados Unidos, ainda em 2001. Os bombardeiros B-52 por várias semanas castigaram as montanhas de Tora Bora, seguido de vários anos de uso de caças, drones e helicópteros contra vários alvos no país.
Os ataques aéreos contra grupos terroristas, em especial a Al-Qaeda e Talibã aconteceram de forma regular e, dependendo do ano, o uso de aeronaves foi diário. Inclusive, destaca-se o emprego do A-29 Super Tucano que era utilizado pela força aérea afegã, que foram fornecidas pelos Estados Unidos.
As operações aéreas se mantiveram até a volta ao poder do Talibã, ocorrida em agosto do ano passado. Sem um plano de contingência a maior parte das aeronaves cedidas à força aérea afegã ficou no país, com alguns Super Tucano sendo usados por pilotos desertores.
Por ora, nenhuma aeronave foi usada pelo Talibã em missões de combate.
A Etiópia vem sofrendo com um conflito na região de Tigré, no Norte do país, desde novembro de 2020. A oposição das forças pró-governo e rebeldes gerou uma série de ataques contra população civil, em um cenário de violência extrema.
O primeiro-ministro Abiy Ahmed tem empregado forças militares para combater os rebeldes da Frente de Libertação do Povo Tigré (TPFL, na sigla em inglês), apoiados pelo governo da Eritreia e que ainda permanecem nas cidades de Amhara e Afar.
Em janeiro, o governo etíope realizou um ataque aéreo em Mai Tsebriin, matando ao menos 17 pessoas. Na sequência mais um ataque aéreo vitimou 56 pessoas, além de ferir ao menos outras 30, incluindo crianças.
Ainda que fontes diversas não tivessem um número conclusivo, um ataque aéreo em outubro do ano passado matou ao menos 146 pessoas em Tigrau, deixando mais de 200 feridas.
A força aérea etíope conta atualmente com nove caças MiG-29 e vinte Su-27, todos de origem soviética, além dos helicópteros de ataque Mi-24 adquiridos da Rússia. A maior parte dos ataques teriam sido realizados por caças, embora ações com helicópteros também tenham sido reportadas.