Problema em Congonhas no último domingo reacendeu o debate entre companhias aéreas e a aviação executiva
Por Marcel Cardoso Publicado em 11/10/2022, às 08h00
O incidente envolvendo um Learjet 75 no último domingo (9) no aeroporto Congonhas, em São Paulo, reacendeu a discussão sobre a viabilidade da operação conjunta da aviação de negócios e da comercial.
O CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier, em uma publicação no LinkedIn, na manhã de intem (10) questionou o uso do aeroporto de Congonhas por aviões de menor porte e informou que mais de 180 voos da companhia aérea foram cancelados após o incidente de domingo. Segundo o executivo, o problema gerado na malha aérea da Latam afetou até mesmo as operações no aeroporto de Guarulhos, onde um voo para Madri foi cancelado.
“O que mais deve acontecer em Congonhas para que decidam não operar com aviação de pequeno porte em um aeroporto tão central para toda a malha aérea do país?", questionou Cadier.
A crítica foi endossada também pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), que disse que ao menos 300 voos foram afetados com o fechamento do aeroporto de Congonhas, que durou cerca de nove horas.
“A restrição de aviões de pequeno porte na pista principal de Congonhas, principalmente em horários de pico, é uma preocupação antiga da Abear e de suas associadas, que em 29 de setembro enviaram ofício à Infraero recomendando a adoção definitiva dessa medida”, disse a Abear em nota.
A Latam Airlines e a Gol Linhas Aéreas anunciaram flexibilizações nas políticas de cancelamento e remarcação de voos para tentarem amenizar a situação. No início da segunda-feira os aeroportos de Congonhas e Santos Dumont tiveram grandes filas nos balcões de check-in, com passageiros que não conseguiram embarcar de/para São Paulo, ontem.
Por outro lado, a Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag) em nota intitulada "A verdadeira vocação de Congonhas é servir a aviação regional e a aviação de negócios!", disse que é necessário discutir a viabilidade de concentrar voos comerciais em um aeroporto com uma única pista apta a receber operações de linha aérea.
"Na verdade, faz muito mais sentido deixar Congonhas para os aviões menores do que enxotá-los de lá. A verdadeira vocação de Congonhas não é para grandes jatos com muitos passageiros, há outros aeroportos no entorno de São Paulo, como Guarulhos e Viracopos", disse a Abag.
O uso de Congonhas é considerado como fundamental pela aviação comercial e de negócios, visto sua localização no principal centro financeiro e industrial do Brasil e da América Latina.