Instituto britânico responsabiliza o setor aéreo pela propagação da covid-19 e por ter recebido aportes estatais
Marcel Cardoso Publicado em 24/02/2022, às 15h15
Um estudo do Instituto de Assuntos Econômicos do Reino Unido (AIE) mostrou que governos poderiam ter ajudado a conter a pandemia de covid-19 se permitissem o colapso da indústria aérea, ao invés de disponibilizarem grandes aportes de dinheiro às companhias aéreas, a fim de socorrê-las financeiramente para manter a operacionalidade.
O documento analisou o impacto da pandemia nas mudanças de comportamento do consumidor em vários modais de transporte, incluindo o aéreo. Um dos destaques é a flexibilização das regras de auxílio financeiro estatal da União Europeia, que permitiu que companhias aéreas do continente recebessem aportes estatais bilionários, como o que aconteceu com a Lufthansa, que teve parte de suas ações adquiridas pelo governo alemão. Há o argumento de que isto também fortaleceu a concorrência desleal.
Para os analistas, tal flexibilização se equivale a uma contradição no coração das políticas governamentais e que grandes somas de dinheiro de contribuintes foram injetadas em um setor que teve uma participação decisiva para a propagação do vírus, fazendo com que governos praticamente ‘subsidiassem’ a pandemia de covid-19.
Um exemplo citado foi a liberalização do setor, responsável por sucessivas ondas de casos da doença na Europa e resultado de pressões políticas e de associações, como a da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo), que reiteradamente tem criticado governos que adotam políticas restritivas de acesso aos passageiros de outros países nos aeroportos, como a exigência de testes negativos contra a covid-19 e o chamado ‘passaporte da vacina’.
O estudo termina dizendo que a aviação continuará sendo sujeita a forte intervenção estatal e que a pandemia pode levar a políticas mais ‘hostis’ ao setor, principalmente para o cumprimento de metas ambientais.