Companhias aéreas cargueiras se tornam fundamentais no mundo globalizado

Conheça as maiores companhias especializadas no transporte de cargas no mundo

Por Gabriel Benevides Publicado em 16/09/2020, às 17h00 - Atualizado em 18/09/2020, às 01h32

 

Transportes especiais envolve até mesmo o carregamento de aeronaves a bordo de super cargueiros como o An-124

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O ano de 2020 está sendo sem dúvidas um dos mais desafiadores na história da aviação após a pandemia do novo coronavírus, que acabou por desencadear uma dura crise em todo o setor aéreo, principalmente no transporte de passageiros.

Em contrapartida, a crise de saúde desencadeou uma maior demanda no transporte de cargas, se tornando vital para levar insumos médicos e hospitalares para apoiar a luta contra covid-19 e para atender à crescente demanda gerada pelo comércio eletrônico.  Dado o cenário desafiador, as principais companhias aéreas cargueiras que antes viam com pessimismo o ano de 2020 diante da desaceleração na economia global desde meados de 2018, estão vendo a demanda crescer exponencialmente.

Conheça algumas das principais empresas aéreas cargueiras do mundo, sendo que muitas operam apenas serviço de encomendas expressas e outras, voos especiais.

FedEx – Vizinha do Elvis

FedEx opera uma vasta frota de aeronaves, dos pequenos Cessna Caravan aos Boeing 777F

Fundada em 1971, com sede em Memphis, cidade onde viveu o astro do rock Elvis Presley, a FedEx atua em mais de 220 países e territórios, com serviços de remessa expressa de correspondência, documento e logística. Atualmente a frota é composta por mais de 400 aviões, indo desde os Cessna Caravan, da qual foi cliente de lançamento, até os gigantes Boeing 777F, passando pelos 757, 767, ATR 42 e ATR 72, McDonnell Douglas MD-11 e o raro Boeing MD-10, este último uma versão modernizada do DC-10 que recebeu o cockpit do MD-11, em uma modernização promovida pela Boeing no início dos anos 2000.

No Brasil, a empresa realiza voos semanais entre Memphis e Viracopos e por conta da pandemia, registrou recordes de entregas, consignando lucro superior em 68% no primeiro trimestre fiscal, em comparação ao ano passado.

Cargolux – Gigante da pequena Luxemburgo

Ainda que localizada na pequena Luxemburgo a Cargolux detém uma das maiores malhas cargueira do mundo

Com uma frota exclusiva do Boeing 747F, a Cargolux é uma empresa aérea de carga com sede em Luxemburgo, pequeno país do continente europeu com território de apenas 2.586 km².  Em março de 2020, a Cargolux completou cinquenta anos de existência e apesar de fazer parte de um dos menores países europeus, seu hub no único aeroporto internacional de Luxemburgo-Findel conta com uma rede robusta de rotas nos cinco continentes.

Para o Brasil a companhia mantém voos regulares para os aeroportos de Viracopos, em Campinas; Curitiba; Galeão; e Petrolina, em Pernambuco, além de voos não regulares para outros destinos no país.

Com pouco mais de 30 aeronaves em sua frota, a Cargolux opera com nada menos que catorze Boeing 747-400 e dezesseis 747-8F. Recentemente a empresa pintou uma aeronave com uma máscara no nariz, simbolizando a importância do uso de proteção em tempos de pandemia.

UPS – Na terra do frango frito do Kentucky

A UPS é atualmente uma das principais operadoras do Boeing 747-8F nos Estados Unidos

A United Parcel Service, mais conhecida como UPS, ainda que tenha sido criada em agosto de 1907 em Atlanta, sede das mundialmente famosas CNN e Coca-Cola, foi apenas em 1988 que criou uma divisão de transporte aéreo dedicada. A sede do serviço aéreo é no aeroporto de Louisville, no Kentucky, terra do famoso frango do KFC. Pouco mais de trinta anos depois de ser criada, a divisão aérea é considerada uma das maiores empresas de logística do mundo e com presença em mais de 200 países.

Sua frota possui atualmente mais de 250 aeronaves, sendo uma das maiores operadoras globais do Boeing 747F,757F e 767F, que corresponde mais da metade da sua frota, que ainda inclui alguns McDonnell Douglas MD-11 e Airbus A300.

Aliás, a UPS é hoje uma das maiores operadoras do Boeing 747-8F, versão que não teve nenhuma venda na sua versão de passageiros para operadores norte-americanos, mas encontrou um nicho de mercado importante no transporte cargueiro. Por conta do coronavírus, a UPS viu as suas receitas mais do que dobrarem durante a alta demanda, fazendo com que a empresa começasse a utilizar drones para realizar entregas de remédios para uma rede de farmácias na Flórida. 

DHL – Letras iniciais de seus três fundadores

A DHL foi fundada nos Estados Unidos, mas hoje faz parte dos correios alemães

Uma das divisões da Deutsche Post, a rede de correios da Alemanha, a DHL é uma multinacional considerada uma das principais companhias de logística aérea do mundo. Criada em 1969, por três amigos, Adrian Dalsey, Larry Hillblom e Robert Lynn, a solução para o nome não foi nada criativa, utilizando apenas a letra inicial dos respectivos sobrenomes, mas a combinação se tornou facilmente pronunciável em quase todo o mundo. A sede inicial era em San Francisco, nos Estados Unidos, mas em 1998 foi adquirida pelo Deutsche Post e atualmente conta com subsidiárias em diversos países como Panamá, Hong Kong, Reino Unido, Guatemala, Barein, Equador, Venezuela e África do Sul.

Com uma extensa e diversificada frota, a DHL conta com aeronaves Airbus A300F e A330F, Boeing 737F ,747F, 757F, 767F e 777F. Curiosamente um Tupolev Tu-204 faz parte da frota, sendo uma das poucas operadoras ocidentais que opera este modelo exclusivamente para operações cargueiras.

Por conta da alta demanda da pandemia, recentemente a DHL encomendou quatro unidades do Boeing 767-300F como parte da sua expansão e modernização de frota. Mesmo sendo uma das maiores líderes de logística no mundo, a DHL não opera nenhum voo regular para o Brasil, mas atende diversas cidades no país com sua rede de logística integrada com moldais rodoviários.

Atlas Air – Operadora do Dreamlifter

Frota de 747 da Atlas Air inclui os gigantes Dreamlifter, utilizados para transportar componentes do 787 Dreamliner

Fundada em 1992, a Atlas Air figura nesta lista como uma das empresas mais jovens, o que não diminui a sua importância para o transporte de cargas. Ao contrário do que muitos imaginam, a Altas Air além de ser uma transportadora de cargas, também realiza voos charter de passageiros e leasing de aeronaves, sendo proprietária da Southern Air, Titan Aviation e Polar Air Cargo.

A Atlas Air é uma das maiores operadoras do 747 no mundo, inclusive, os 747 Dreamlifter utilizados pela Boeing no transporte de componentes do 787 Dreamliner. A frota de 69 aeronaves é composta apenas pelos Boeing 767-300F, 747-400F e 747-8F.

A alta demanda criada pela pandemia de covid-19 forçou a companhia a reativar um Boeing 747 recém aposentado. No Brasil a Atlas Air é vista regularmente em Campinas, Manaus e Curitiba, além de voos não regulares em diversos estados. Aliás, a Atlas Air fez uma parceria com o Aliexpress serviço de varejo online chinês, para transportar as encomendas entre a China e o Brasil com mais agilidade

Antonov e Volga Dnepr – Pequenas, mas Gigantes

Atualmente o An-124 é o maior avião cargueiro produzido em série no mundo

Especializadas em transportar cargas de grandes dimensões ou elevada tonelagem, a Volga-Dnepr é uma empresa aérea russa sediada em Moscou e utiliza aeronaves como o Antonov An-124 e Il-76TD, ideais para cargas especiais. Porém, a empresa também possui alguns cargueiros das famílias Boeing 747 e 737.

A Antonov Airlines é a divisão cargueira do lendário fabricante ucraniano, sendo o único operador do gigantesco An-225, o irmão maior do An-124. Ainda que basicamente atenda apenas voos fretados, a companhia se destaca por sua grande capacidade logística.

Por conta da pandemia do coronavírus, tanto a Volga Dnepr como a Antonov Airlines foram acionadas para transportar grandes volumes de insumos médicos, hospitalares e equipamentos de proteção individual. As duas empresas marcaram uma maior presença no Brasil com o An-124, que continuam chamando bastante atenção por onde passam.

Por ironia do destino, antes da crise do coronavírus a Volga-Dnepr estava enfrentando uma crise financeira, inclusive entrando na justiça para não deixar de operar algumas unidades do Antonov-An-124 reivindicados pelo fabricante Antonov, situação na teoria contornada após a alta demanda. 

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