Os grandes exercícios aéreos internacionais Cruzex têm o Brasil como líder e ocorreram a partir de 2002
Por André Magalhães Publicado em 20/10/2022, às 15h00
O exercício aéreo Salistre, que está ocorrendo no Chile, não é o único treinamento aéreo militar que ocorre no continente sul-americano. O Brasil realiza o maior deles, o Cruzex – Cruzeiro do Sul Exercise – nome completo oficial.
Este exercício multinacional ocorre desde 2002 e passou por algumas das mais importantes bases aéreas da Força Aérea Brasileira. Assim como o Chile, na Salistre, o Brasil é o anfitrião e a nação líder da operação que conta com a participação de diversas forças aéreas aliadas, tanto de países vizinhos, quanto de territórios mais afastados.
Cruzex I – Em 2022, a região sul do Brasil foi palco da primeira edição do treinamento, que contou com a presença estrangeira da Argentina, França e Chile. Este último apenas como observador. As cidades de catarinenses de Florianópolis, Lajes e Chapecó, bem como as rio-grandenses de Canoas, Pelotas, Santa Maria, Caxias do Sul e Passo Fundo, tiveram uma intensa movimentação de aeronaves.
A FAB participou com caças F-5, F-103 e A-1, bem como aviões de alerta aéreo antecipado R-99, aviões de transporte e reabastecimento C-115, C-95, KC-137, KC-130, P-95 e os helicópteros UH-1H, CH-34, UH-50.
A França se fez presente com caças Mirage 2000, o avião-radar E-3 e o avião-tanque KC135. Nossos vizinhos argentinos voaram com aviões MV e KC-130.
Cruzex II - Realizada em 2004, desta vez o Rio Grande do Norte recebeu o treinamento. O Brasil recebeu as forças aéreas da França, Argentina e Venezuela. Como observadores, participaram o Peru, Uruguai e África do Sul.
A frota dos aviões da FAB seguiu basicamente a mesma de 2002, com destaque aos caças F-5, F-103 (Mirage III) e A-1.
A França trouxe novamente os Mirage 2000, E-3F e KC-135. O destaque foi para a Caracas que marcou presença com seus caças F-16, MIrage 50, um Boeing 707 e um helicóptero Super Puma.
Cruzex III – O ano de 2006 marcou a terceira edição do exercício e o Centro-Oeste, sobretudo o Planalto Central, foi palco das operações. Caças do Brasil, Argentina, Chile, Venezuela, Peru, Uruguai e França movimentaram a base aérea de Anápolis, em Goiás.
A edição deste ano foi a maior já realizada e abrangeu áreas do Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Distrito Federal.
Os donos da casa participaram com caças F-103, F-5, A-1, bem como as demais aeronaves já listadas acima. Aqui um destaque envolvendo Paris e Brasília. Em 2006, a FAB recebeu os seus primeiros Mirage 2000C/D, de um total de 12 aeronaves. Os deltas ficaram em serviço até 2013, quando foram aposentados, e o Gripen F-39 foi selecionado neste mesmo ano.
A França participou com os Mirage 2000, os E-3F e o KC-135. A Argentina trouxe os IA-58 Pucará, e o A-4AR Fightinghawk. Já o Chile, o Cessna A-37 Dragonfly. A Venezuela foi representada pelos F-16, VF-5, Mirage 50 e Boeing 707. O Uruguai tabem usou o I-58 Pucará e o A-37 Dragonfly.
Cruzex IV- 2008 – A partir deste ano a operação ocorreu somente na Base Aérea de Natal, no Rio Grande do Norte. A presença internacional foi da França, Chile, Uruguai e Venezuela.
O Brasil destacou-se pelo uso do Mirage 2000C/D, que havia sido incorporado desde 2006. A frota de caças ainda incluiu o F-5, o A-1 e o A-29 Super Tucano. As demais aeronaves da FAB foram as mesmas.
A França veio somente com os Mirage 2000, a Venezuela com os F-16, o Uruguai com os IA-63 Pucará e A-37 Dragonfly e o Chile com o F-5 e KB-707.
Cruzex V – 2010 – A quinta edição foi marcada por alguns destaques, como a entrada dos Estados Unidos no treinamento e a presença de novas e modernas aeronaves.
O Brasil seguiu com a mesma frota de aviões. O destaque feio para a França que trouxe o Dassault Rafale, o caça mais moderno da edição. Os Estados Unidos trouxeram os F-16. A Argentina voltou a participar e foi representada pelos A-4 e KC-130. O Chile trouxe seus F-16 e KC-135.
Cruzex C2- 2012- Esta edição não houve aeronaves, mas sim envolta no meio teórico de planejamento de Comando e Controle. No entanto, destaque-se a presença do Canadá, Suécia, Inglaterra e Equador.
Cruzex VI – 2013- A penúltima edição do treinamento voltou com a presença de aeronaves e das seguintes nações: Estados Unidos, Chile, Venezuela Colômbia, Equador e Uruguai.
Um fato curioso foi a não participação da França, que desde 2002, marcava presença. Isto aconteceu no mesmo ano no qual o Gripen foi escolhido, derrotando o caça francês Dassault Rafale, que concorria com o sueco para reequipar a FAB.
A frota de aviões de caça foi – Mirage 2000, F-5, RA-1, A-29, F-16 e A-37 Dragon Fly.
Cruzex VII - A última edição da Cruzex foi em 2018. A Base Aérea de Natal recebeu aeronaves dos seguintes países: Chile, Estados Unidos, Peru, Canadá, França, Uruguai e tropas de Portugal.
O anfitrião Brasil participou com caças F-5M, A-1M, A-29 Super Tucano e demais aeronaves das aviões de alerta aéreo antecipado, Transporte, Busca e Salvamento e Helicóptero. Um destaque brasileiro foi a presença dos caças aeronavais AF-1 Skyhawk.
Os jatos da Marinha do Brasil puderam realizar missões com aeronaves de diferentes países, além da integração e troca de experiência com pilotos estrangeiros.
A frota de caças internacionais foi composta por F-16 (Chile e EUA), Mirage 2000 (Peru), A-37 Dragonfly (Peru e Uruguai). A França enviou um C-235 e o Canadá C-130J Super Hercules. A Venezuela, Índia e Alemanha participaram como observadores.
Por conta da Pandemia não foi possível realizar outras edições da Cruzex, mas passada a pior fase da crise sanitária da covid-19 é esperado que novas edições ocorram.
Uma das expectativas é a participação dos caças Gripen F-39, que estão sendo entregues ao Brasil.
As quatro primeiras unidades estão em processo de certificação militar. Com esta fase concluída, os aviões podem ser operados pela FAB.
O Gripen representa um grande salto tecnológico para nossa força aérea. No cenário do continente sul-americano será o caça mais moderno em ação.