Brasil iniciará uso comercial de combustível sustentável de aviação (SAF) em 2027, com meta de 10% até 2037
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 14/08/2025, às 13h00
O Brasil poderá atingir a produção em escala comercial do combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) a partir de 2027. A informação foi divulgada por especialistas durante o painel “Céu e Mar: desafios para as bioenergias”, realizado no primeiro dia da FenaBio, evento integrante da 31ª edição da Fenasucro & Agrocana, que acontece em Sertãozinho, no interior de São Paulo.
De acordo com Tarcísio Soares, gerente internacional de estratégia da Airbus, a certificação necessária para viabilizar o uso pleno do SAF está em andamento. Atualmente, a legislação permite a utilização de até 50% de SAF nas aeronaves comerciais, mas ensaios atuais buscam comprovar a viabilidade técnica e operacional da substituição total do querosene de aviação (Jet A), sem necessidade de modificações nas aeronaves existentes.
A introdução obrigatória do SAF no mercado doméstico ocorrerá com base no marco legal do programa Combustível do Futuro. A norma estabelece que, a partir de 2027, as companhias aéreas brasileiras deverão incorporar ao menos 1% de SAF em sua matriz energética, com crescimento progressivo até atingir 10% em 2037. Para atender à demanda projetada, o país precisará produzir aproximadamente 1,1 bilhão de litros de biocombustível.
Entre os projetos de expansão, a Acelen Renováveis anunciou investimento de US$ 3 bilhões na produção de SAF e HVO (óleo vegetal hidrotratado) a partir da planta macaúba. “Será um projeto em larga escala, com capacidade para ultrapassar a demanda interna e exportar 80% para Europa e Estados Unidos”, afirmou Luiz de Mendonça, CEO da Acelen Renováveis.
A operação está prevista para iniciar no primeiro trimestre de 2028, já com capacidade de produção superior à demanda nacional.
O Rio de Janeiro também deverá assumir papel estratégico no processo. Conforme o especialista da Firjan, Felipe da Cunha Siqueira, a estrutura logística e as iniciativas públicas já implementadas no estado favorecem a consolidação do SAF, citando como exemplo a importação do combustível para testes no aeroporto internacional do Galeão.
A expectativa é que a produção nacional de SAF seja impulsionada por incentivos regulatórios, inovação tecnológica e ampliação de investimentos privados, inserindo o Brasil como fornecedor relevante na cadeia global de energias limpas voltadas ao transporte aéreo e marítimo.