Em live o Presidente afirmou que estaria sendo planejada a compra de dois A330 cargueiros
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 29/01/2021, às 17h30 - Atualizado em 30/01/2021, às 16h24
Força aérea britânica ofereceu no passado parte da sua frota de KC-2 Voyager para a FAB
O Presidente Jair Bolsonaro, durante a live de quinta-feira (29) mencionou a possibilidade da Força Aérea Brasileira adquirir dois aviões da Airbus, possivelmente os A330. Ainda que não tenha apresentado o projeto ou mesmo detalhado as condições de um eventual acordo, se será com diretamente com o fabricante europeu ou com alguma força aérea disposta a se desfazer de parte da frota, o assunto ganhou destaque na imprensa especializada.
“Estamos buscando uma maneira de atender a Força Aérea, são dois aviões de carga Airbus A230*, dois aviões de carga que nós não temos”, disse o Presidente Bolsonaro, citando o modelo como A230, provavelmente se referindo aos A330.
Contudo, a FAB não dispõe de um programa de compra para nenhum avião cargueiro multifuncional ou estratégico. Após a aposentadoria dos veteranos KC-137, vulgarmente conhecidos como Sucatões, a força aérea arrendou, da empresa brasileira Colt, um Boeing 767-300 por dois anos. O contrato, contudo, não foi renovado, deixando a FAB sem um avião de maior capacidade.
O senão era que o 767 da FAB não era a versão cargueira, mas um avião de passageiros, que podia ser configurado para transporte de tropa ou missões VIP. Aliás, o avião chegou a ser usado pelo então Presidente Michael Temer, após a configuração de uma classe executiva padrão.
Abaixo comentamos a notícia do anúncio do Presidente Bolsonaro
O orçamento, na ordem de R$ 500 milhões citado pelo Presidente Bolsonaro, seria oriundo de acordos de leniência da Lava Jato. Outra questão em aberto é a origem dos aviões. Existe a opção de compra dos A330 MRTT, a versão tanque e de transporte dos A330-200, diretamente da Airbus. Atualmente o fabricante europeu conta com pedidos firmes para 61 aviões do tipo, com 46 unidades já em serviço.
Outra opção é a compra de versões puramente cargueiras do A330, disponíveis no mercado de usados e que podem atender a demanda exclusiva de transporte logístico. Uma das vantagens do A330F é seu menor custo de aquisição, mesmo novo de fábrica, quando comparado aos A330 MRTT, destinados a missões militares.
Recentemente a força aérea britânica (Royal Air Force) havia oferecido seus KC-2 Voyager Mk 2 para a FAB. A variante oferecida pela RAF conta com capacidade de reabastecer outros aviões em voo, através do sistema de sonda e cesta, utilizado pelos caças F-5M, A-1M e os futuros Gripen E/F da FAB. Além disso, oferece uma ampla capacidade de carga e transporte de pessoal, em uma cabine flexível dentro do conceito multimissão.
Um entrave na aquisição de apenas duas unidades do A330 é seu elevado custo operacional, aliado a baixa disponibilidade de uma frota composta por apenas dois aviões. Alguns analistas apontam que embora exista a necessidade real da aquisição de um avião de transporte multimissão estratégico, a frota deverá contar com ao menos quatro aviões. Outro ponto importante será o orçamento para operação do novo jato, rivalizando com a verba disponível e em grande parte já comprometida com a compra dos Gripen e KC-390.