Linha de montagem voltará com ritmo menor e fabricante espera obter novo certificado de tipo até meados de outubro
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 28/05/2020, às 14h00 - Atualizado às 15h21
A Boeing anunciou a retomada da produção do 737 MAX, suspensa desde o início de janeiro, mas manterá um ritmo mais lento que o existente antes da paralisação da linha de montagem. O fabricante ainda não recebeu o novo certificado de tipo emitido pela FAA, o que deverá ocorrer até meados de outubro.
A volta da produção do 737 MAX tem como objetivo reestabelecer a complexa cadeia de fornecedores, fortemente afetada pela paralisação das linhas de produção e agravada pela pandemia da Covid-19. Diversos fornecedores equilibraram parcialmente as contas mantendo a produção de componentes para outros modelos da Boeing, mas a crise gerada do novo coronavírus expandiu o problema.
A expectativa é que a Boeing obtenha nos próximos meses o novo certificado de tipo para a família 737 MAX, que está proibida de voar desde março de 2019, logo após o acidente fatal com um avião da Ethiopian Airlines. A retomada da linha de montagem deverá respeitar a capacidade da Boeing em entregar quase seis centenas de 737 MAX já produzidos, que deverão agora passar por um extenso programa de manutenção, para serem finalmente entregues a seus operadores.
Todavia, a retração do mercado poderá fazer diversas empresas suspenderem parcialmente as entregas, visando readequar suas frotas a nova realidade do mercado projetada para os próximos dois anos. Além disso, o não recebimento dos aviões poderá possibilitar um alivio no fluxo de caixa de algumas companhias aéreas, que esperam reduzir seu endividamento com a aquisição de novos aviões.
Apenas no mês de abril a Boeing retirou de sua carteira mais de 200 pedidos para o 737 MAX, metade sendo cancelamentos definitivos e outra parte referente a suspenção da entregas ou se tornando compromissos sem garantias reais que seriam formalizados.
A Boeing ainda trabalha em um novo procedimento de montagem dos 737 MAX, visando evitar os casos de objetos estranhos abandonados dentro dos aviões produzidos, inclusive nos tanques de combustível. O fabricante reviu seu processo de trabalho, criando um novo conjunto de ferramentas e metodologias que deverão eliminar equipamentos e métodos desnecessários utilizados pelas equipes.
A Boeing também anunciou o corte de 12.300 postos de trabalho no Estados Unidos, sendo aproximadamente dez mil no estado de Washington, onde mantém a maior parte de sua capacidade industrial, incluindo as unidades de Renton e Everett.
A gigante aeroespacial foi uma das mais afetadas pela crise da Covid-19, com efeitos somando a desafios que estavam sendo enfrentados antes da doença paralisar a aviação mundial. Os problemas com o 737 MAX se somaram a baixa demanda para os novos 777X, a problemas na divisão militar, em especial com o avião tanque KC-46 Pegasus, além de falhas no programa da nave espacial Starliner.