Ensaios buscaram comprovar eficiência do sistema MCAS que foi reprojetado
Por Edmundo Ubiratan | Imagens: Divulgação Publicado em 09/08/2019, às 14h00 - Atualizado às 17h14
A Boeing realizou entre os dias 5 e 6 de agosto diversos voos de testes com um 737 MAX 7 equipado com o sistema de prevenção de estol (MCAS) redesenhado. O objetivo do ensaio foi confirmar a capacidade da aeronave em reconhecer diversas situações de voo e reagir de forma adequada as situações de perda de sustentação.
O primeiro voo, feito no dia 5 de agosto, realizou uma série de voos em baixa velocidade, voando entre 9 mil e 14 mil pés. Entre os voos estavam situações com elevado ângulo de ataque, exatamente o momento mais crítico para atuação do MCAS. Os voos de teste foram conduzidos por 3h10 onde ao menos sete sequências críticas de voo próximo ao estol foram realizadas. No dia seguinte o avião realizou um voo de 3h56, onde os testes com elevado ângulo de ataque e situações próximas ao estol foram retomados. Ambos os voos foram realizados por um 737 MAX 7, a menor versão da família, que por sua fuselagem mais curta e posição dos motores avançadas em relação ao centro de gravidade, é a mais vulnerável aos efeitos de estol.
A Boeing foi obrigada a revisar todo o sistema MCAS, incluindo o software utilizado pelo sistema, após uma falha ter causado dois acidentes fatais, com 346 mortes, em menos de seis meses com 737 MAX. As investigações preliminares mostraram a relação entre a atuação incorreta do MCAS e a incapacidade dos pilotos em reagir a falha. As autoridades aeronáuticas de todo o mundo proibiram o modelo de operar, que nos Estados Unidos ocorreu em 13 de março.
O presidente e executivo-chefe da Boeing, Dennis Muilenburg, disse acreditar que a família 737 MAX deverá voltar operar até o final do ano, após o fabricante comprovar a segurança do novo sistema MCAS e as mudanças realizadas no projeto.
O anuncio foi feito durante um evento em Nova York, onde o executivo disse que a expectativa é retomar os voos em setembro, o que permitirá iniciar as entregas das aeronaves produzidas desde março e que estão sendo estocadas em diversas partes dos Estados Unidos. Todavia, Muilenburg reconheceu que o calendário anunciado não é oficial, que existe a necessidade da FAA e demais agências reguladoras de todo o mundo, aprovarem as modificações realizadas.
Com quase 500 aeronaves proibidas de voar em todo o mundo, a Boeing tem trabalhado para garantir o adequado estado de armazenamento dos aviões e sua correta manutenção enquanto aguardam a retomada das operações. A Boeing espera também já em 2020 ampliar o ritmo de produção do 737 MAX para 57 aeronaves por mês, ante a cadencia original de 52 aeronaves até abril, quando o ritmo reduziu para 42 aeronaves, por conta da proibição dos voos.
Os resultados do último trimestre foram os piores da história recente da Boeing, que registrou perdas de US$ 2,9 bilhões, sendo a maior parte atrelada aos custos da paralização global da frota de 737 MAX.