Documentação do Boeing 787 foi considerada incompleta pela FAA e entregas continuam suspensas
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 16/05/2022, às 14h19
A Boeing sofreu mais um revés com o 787 Dreamliner, com parte da documentação enviada para a FAA, a agência de aviação civil dos Estados Unidos, sendo considerada incompleta.
Após quase um ano sem poder entregar os aviões, a Boeing enfrenta um exame minucioso das autoridades de aviação dos Estados Unidos, onde cada aeronave entregue será certificada individualmente.
Segundo matéria exclusiva da agência Reuters, a FAA identificou uma série de omissões na documentação da Boeing, apresentada no final de abril. Com a falta de dados e detalhes fundamentais, o documento foi rejeitado e reenviado para o fabricante.
Um dos temores é que o problema atrase ainda mais a retomada das entregas, que estão suspensas desde maio do ano passado. Embora o avião não tenha tido seu certificado de aeronavegabilidade cancelado, como ocorreu com o 737 MAX, a Boeing não pode entregar os aviões até comprovar que realizou todas as mudanças necessárias exigidas pela FAA.
Em fevereiro a FAA já havia afirmado que havia cancelado a autocertificação dos 787 entregues, que seria exigido uma correção sistêmica nos processos de produção. Quando um avião é certificado as autoridades aeronáuticas concedem ao fabricante a autorização para emissão dos documentos legais, visto que todo o programa de desenvolvimento e produção foi aprovado. Contudo, a Boeing após apresentar graves falhas em toda a cadeia de produção do 787 perdeu essa capacidade de emitir o certificado de tipo para cada unidade entregue.
A certificação do avião, como um projeto, é feita após o fabricante comprovar ter cumprido a totalidade dos requisitos legais. Na sequência, em conformidade com processos de inspeções nos processos de produção, desde pequenos componentes até o avião pronto para ser entregue, o fabricante passa a ter conformidade para avaliar que seus aviões continuam cumprindo tudo que foi certificado previamente pela autoridade aeronáutica.
A retomada das entregas dos 787 é fundamental para a Boeing voltar a crescer e garantir novos contratos vantajosos para o Dreamliner. As empresas aéreas que dependem de novas aeronaves do modelo têm suspendido rotas ou postergado novas frequências por falta de aeronaves.
Ironicamente o revés na documentação ocorre menos de 20 dias após Dave Calhoun, presidente-executivo da Boeing, afirmar durante a teleconferência dos resultados do fabricante que estavam prontos para retomada das entregas do 787.
A paralisação das entregas, que vai completar um ano no final de maio, aconteceu após serem identificados uma série de problemas na linha de produção, em especial com os processos de qualidade. Na época as perdas estimadas com a suspensão das entregas eram na ordem de US$ 5,5 bilhões. Atualmente os analistas de mercado estimam que os custos já ultrapassaram a marca de US$ 12,5 bilhões, valor que supera os custos de desenvolvimento de uma aeronave novas de corredor único, como o 737.