Em meio a incertezas na concessão de crédito no mercado local e aumento da dívida, Fitch rebaixa nota da Azul Linhas Aéreas
Por Wesley Lichmann Publicado em 10/02/2023, às 23h00 - Atualizado em 11/02/2023, às 14h00
A agência de classificação de risco Fitch rebaixou hoje (10) a nota de crédito em moeda estrangeira e local da Azul Linhas Aéreas de 'CCC+', para 'CCC-', e a nacional para 'CC(bra)', de 'B(bra)', colocando as ações da companhia no quadro de extremamente especulativas.
Segundo a Fitch, os rebaixamentos refletem os altos riscos de refinanciamento da Azul, em meio às incertezas no mercado de crédito local, além das pressões no fluxo de caixa operacional e liquidez da companhia.
Apesar do suporte confirmado durante a crise sanitária, a agência vê um cenário de renegociação com fornecedores e empresas de arrendamento de aeronaves desfavorável para a Azul. Também pesaram na avaliação as restrições na concessão de crédito no Brasil, devido a inadimplência da Americanas.
"Os obstáculos enfrentados pela Azul refletem o aperto do crédito no mercado local e as dúvidas quanto à recuperação das condições de concessão de crédito. A empresa tem buscado o refinanciamento de suas obrigações de arrendamento e demais dívidas, ao mesmo tempo em que investe na proteção da frota. Esses desafios incluem dívidas no mercado de capitais com vencimento em 2024 e 2026, o que pressionou os ratings", diz a Fitch em comunicado.
Durante a crise sanitária a Azul foi impactada pelo aumento nos custos do combustível, aliado às altas de taxas de juros e pagamentos de aluguel após a redução ou adiamento.
Para a Fitch, o fluxo de caixa livre da empresa deve ficar negativo em R$ 2,2 bilhões em 2023, e estima que amortizações totais com arrendamentos, incluindo juros será de R$ 3,3 bilhões neste ano.
A Fitch ainda considera investimento da holding Abra, controladora da Gol, uma troca forçada de dívida e cortou de ‘B-’ para ‘C’ a nota de crédito, rebaixando a empresa para o grau de riscos substanciais
A agência reforçou o posicionamento da Azul no mercado brasileiro, com destaque em destinos com pouca concorrência, a empresa é a única operadora em 77% de suas rotas. "Como o Brasil é o mercado-chave da empresa, seus resultados operacionais estão altamente vinculados à economia do país", conclui a Fitch.
Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), a Azul encerrou o ano de 2022 com 29,3% de participação do mercado nacional.