Incertezas e restrições de viagens, somado a segunda onda de contaminação, reduz ainda mais expectativas de retomada
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 16/10/2020, às 15h00 - Atualizado às 19h06
Reino Unido está entre os países europeus mais afetados pela pandemia de covid-19
A aviação comercial na Europa poderá enfrentar um longo e tenebroso inverno, com uma redução superior aos 50% no movimento dos voos. A previsão desalentadora foi feira pelo diretor-geral do Eurocontrol, Eamonn Brennan, que alertou para a necessidade de uma resposta coordenada dos governos europeus.
As companhias aéreas do continente além de sofrerem severos danos após o fechamento de fronteiras, que reduziram em mais de 85% o número de viagens, o temor de uma segunda onda de contaminação de covid-19 pode ser um capítulo especialmente perigoso para a saúde pública e uma nova tragédia para o setor.
Inicialmente o Eurocontrol estimava que a capacidade para o inverno seria de 50% dos níveis de 2019, mas o risco de uma nova fase de contaminação na Europa pode reduzir ainda mais esse número. “Esta é basicamente uma situação catastrófica para a Europa. O cenário para o inverno não parece muito bom”, afirmou Brennan, em entrevista ao programa HARDtakl, da britânica BBC.
Na segunda semana de outubro os voos europeus representam pouco mais de 56% do movimento registrado no mesmo período de 2019. Apenas no dia 14 a redução no comparativo era de 58%, a mais drástica redução registrada na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
“O que estamos enfrentando é uma situação que até mesmo as projeções que fizemos há duas semanas agora as consideramos muito difíceis. E devemos revisá-las ainda mais para baixo”, destacou Brennan.
Além dos problemas gerados pela pandemia, a incerteza quanto as regras de viagens e restrições que ainda não estão claras, tem afastado novamente as pessoas dos aeroportos. O Reino Unido lidera como o país com maiores incertezas quanto as regras para viagens aéreas. Abordagens descoordenadas das restrições de viagens, especialmente com relação ao restante da Europa, tornaram ainda mais complicada para as companhias aéreas locais. No último dia 14 de outubro a easyJet operou 269 voos, uma redução de 53% no número de voos realizado há duas semanas.
O temor de uma segunda onda de contaminação levou a França, por exemplo, restringir eventos e encontros a noite, obrigando os cidadãos e turistas a permanecerem longe das ruas após o pôr-do-sol.
A aviação europeia enfrenta seu momento mais difícil, enquanto as companhias das Américas e Ásia começam a retomar alguma normalidade, ainda que distante dos números existentes em 2019. A exceção é a China, que praticamente retomou o ritmo de voos existente na fase que antecedeu a pandemia.