An-225 foi destruído na Ucrânia e renascimento do maior avião do mundo poderá custar US$ 3 bilhões
Por André Magalhães Publicado em 25/03/2022, às 15h10
A Antonov fez um apelo à comunidade internacional para que seja reunido esforços para “reviver" o An-225 Mriya, o maior avião comercial do mundo. O gigante com capacidade para decolar com até 600 toneladas foi destruído nas primeiras horas do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que completou um mês ontem (24).
“Apesar dos tempos difíceis, a equipe da Antonov considera fortemente necessário evitar a perda irreversível total da aeronave lendária como um dos símbolos da modernidade e começar os trabalhos no renascimento do [avião] de bandeira dos transporte aéreo, o An-225 Mriya”, disse a Antonov Company em comunicado oficial.
A Antonov avalia que os custos para reconstruir o avião pode superar os US$ 3 bilhões, algo em primeiro momento considerado exagerado. Todavia, o valor pode considerar os custos para reconstruir o próprio fabricante, que foi duramente atingido pelos ataques russos. Com a capacidade industrial prejudicada, sem recursos e com parte do ferramental inexistente para reconstruir do An-225, os custos podem realmente chegar a casa dos bilhões de dólares.
No pedido foi ressaltado um apelo aos Chefes de Estados e governos de todos os países do mundo, as empresas mundiais de produção de aviões, à gestão de bancos e outras instituições financeiras e aos fãs e entusiastas da aviação, dentre outros.
No entanto, não seria uma tarefa simples reviver o grande e histórico avião, isso pelo motivo que os custos seriam muito altos. O valor de US$ 3 bilhões é superior a maioria dos programas aeronáuticos em desenvolvimento no mundo. Apenas como comparação, o custo para reviver um único avião é equivalente a mais da metade do que a Boeing estava disposta a pagar pela unidade de aviação comercial da Embraer, na época avaliada em aproximadamente US$ 4,2 bilhões.
O próprio programa 777X da Boeing foi orçado inicialmente em US$ 5 bilhões, incluindo o desenvolvimento de duas famílias de aviões, modernização das linhas de produção, projeto de novos componentes, até a entrega dos primeiros aviões de produção para clientes.
A situação do Mriya no aeroporto de Hostomel, base da Antonov Airlines para reparo de seus aviões, era questionável. Rumores que o avião fora destruído circularam a internet logo nas primeiras horas, mas apenas no começo de março foi comprovado o estado real do avião, com imagens mostrando o An-225 parcialmente destruído sob seu hangar de manutenção.
Os ataques à Hostomel foram intensos, isso porque as forças russas queriam ocupar o aeroporto para utilizá-lo como base de apoio estratégico, visto que fica localizado a apenas 25km da capital Kiev.
A importância do avião é tão grande quanto o seu porte. Tendo em vista que o An-225 é o único exemplar do avião, que tinha intenção de ter uma segunda unidade, o modelo se tornou singular na aviação comercial. O An-225 faz um papel primordial para transporte de cargas ultrapesadas. O avião pode decolar com peso máximo de 600 toneladas e uma capacidade cúbica sem igual no mercado. Além disso, seus irmãos "menores" An-124 também são amplamente utilizados em transportes especiais, normalmente de cargas indivisíveis ou com peso elevado.
O Antonov An-225 foi criado ainda durante a Guerra Fria. Embora o An-124 pudesse transportar o Buran, o ônibus espacial soviético, as autoridades optaram por um avião ainda maior. O objetivo era também ampliar a capacidade de transporte de armas nucleares de grande porte e foguetes balísticos. Na ocasião, os soviéticos tinham certeza que o programa do Ônibus Espacial (STS, na sigla em inglês) dos Estados Unidos era na verdade uma arma de guerra e espionagem.
Após o colapso da Guerra Fria, o An-225 ficou abandonado por cerca de dez anos. O Myria tem uma envergadura de 88 metros, um comprimento de 84 metros e um peso máximo de decolagem de 600 toneladas, sendo que pode levar cargas de até 250 toneladas.