Empresa colocou em prática plano audacioso de enfrentamento da pandemia e manteve US$ 10 bilhões em caixa
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 23/07/2020, às 18h00 - Atualizado às 18h22
American realizou uma completa revisão da frota para enfrentar a crise gerada pela covid-19
A American Airlines registrou perdas superiores aos US$ 2,1 bilhões no segundo trimestre do ano, após a escalada da pandemia do novo coronavírus que reduziu drasticamente a demanda por transporte aéreo. Já a receita caiu 86% em relação ao mesmo período do ano passado.
No período a empresa registrou perdas diárias de US$ 55 milhões, ante prejuízo de US$ 70 milhões por dia nos primeiros três meses do ano. O resultado é ligeiramente pior do que o projetado em abril, quando os executivos previam perdas na ordem de US$ 50 milhões ao dia.
O resultado se soma ao prejuízo de US$ 2,2 bilhões acumulado no primeiro trimestre. A empresa enfrentou um forte declínio na demanda, que chegou a reduzir mais de 95% em alguns mercados. Além disso, a American Airlines foi uma das primeiras companhias aéreas dos Estados Unidos a suspender praticamente a totalidade da malha internacional logo nas primeiras semanas da escalada dos casos de covid-19 no mundo.
O resultado foi o pior da empresa desde 1998, e a primeira perda real desde 2013, quando a American Airlines finalizou um complexo programa de reestruturação, incluindo a absorção da US Airways.
"Nunca antes nossa companhia aérea ou nossa indústria enfrentaram um desafio tão significativo", disse o CEO da American, Doug Parker, em comunicado na ocasião dos resultados do primeiro trimestre.
O impacto reverte uma tendência da companhia, assim como da maior parte do setor aéreo dos Estados Unidos, de uma série de quase dez anos consecutivo de lucratividade. A expectativa do mercado era que 2020 representaria um crescimento ainda maior na demanda de viagens aéreas ao redor do mundo, o que se confirmou no primeiro mês do ano. Contudo, já em fevereiro o mundo registrou os primeiros sinais de uma forte desaceleração com o crescente número de casos de covid-19.
"O ambiente atual é mais imprevisível e mais volátil do que qualquer coisa que possamos imaginar", alertou Parker, em um e-mail interno, ressaltando uma piora no cenário de curto prazo.
A American iniciou um profundo cortar custos, cancelando voos, congelando contratações e retirando definitivamente de serviço dezenas de aviões, o que permitiu reduzir os custos fixos. A medida permitiu a companhia encerrar trimestre com mais de US$ 10 bilhões em caixa, além de um empréstimo do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos de US$ 4,75 bilhões. A American ainda espera receber e outros US $ 1,2 bilhão captados no mercado.
“Todos nós vamos sair disso com mais dívidas do que entramos. É assim que vamos sobreviver”, disse Parker em entrevista recente a rede norte-americana CNBC.