Fabricante busca brigar pelo mercado de maior crescimento nos últimos meses, mas deverá encarar o sucesso do 777F
Por Gabriel Benevides Publicado em 09/06/2021, às 14h00 - Atualizado às 15h02
Futuro A350F deverá ser derivado do projeto básico do A350-900
De olho na liderança da Boeing em aeronaves cargueiras novas, principalmente no segmento de longo curso, a Airbus deverá oficializar o lançamento A350F, destinado a competir com os atuais 777F.
O projeto ganhou novo impulso com o aquecimento do mercado cargueiro, que apresentou bons índices de crescimento nos últimos meses. A Airbus atualmente tem apenas o A330F como modelo originalmente cargueiro de fábrica, mas obteve uma modesta participação nas vendas globais, muito atrás dos rivais 767-300F e 777F.
Apesar da possibilidade da Airbus aceitar as primeiras encomendas já no próximo mês, não está confirmado quando o programa A350F será oficialmente lançado. Aliás, não existe também uma definição sobre o nome do projeto e nem qual variante será oferecida como cargueiro, embora a tendência seja utilizar a plataforma básica do A350-900, mas com a fuselagem ligeiramente alongada.
De acordo com a agência Bloomberg, a Airbus negocia com dezenas de potenciais operadores interessados no A350F, mas destaca que as negociações sigilosas são fundamentais para alinhar os compromissos firmes, para então o Conselho do fabricante autorizar o início do programa.
É usual que o lançamento formal de um novo avião tenha como lastro um compromisso mínimo por parte de empresas aéreas, ajudando assim a reduzir os custos e riscos. A Airbus trabalha há vários anos com a possibilidade de oferecer aeronaves cargueiras novas, mas desde o A330F focou seus esforços no lançamento de versões remotorizadas das famílias A320 e A330, assim como na conclusão do programa A350 XWB.
A chegada da nova aeronave deverá focar em um mercado quase monopolizado pela Boeing, mas com a vantagem de oferecer um modelo de última geração, com amplo uso de materiais compostos e ligas metálicas avançadas, ajudando a reduzir o peso estrutural e ampliando a capacidade de transporte. Porém, o entrave será competir com versões convertidas do 777-300ER, que devem entrar no mercado com preço competitivo e custos operacionais próximos do A350.
Ainda assim, a Airbus poderá aproveitar o fim da produção do Boeing 747-8F, que deixará em aberto o segmento de longo curso e grande capacidade, oferecendo um avião bimotor com custos atrativos e boa capacidade de transporte.
Com uma aeronave mais eficiente e sem nenhum concorrente com o mesmo nível de inovação, o A350F poderá ajudar a Airbus a virar a página com o A330F que teve apenas 38 unidades vendidas.
Como a demanda de cargas mantendo boas perspectivas de crescimento, especialmente com a alta demanda por comércio eletrônico, que inclusive viabilizou a conversão do Airbus A321 em cargueiro, o A350F terá boas perspectivas futuras.
O mercado especula qual será a resposta da Boeing, que por ora, mantém uma confortável liderança no segmento cargueiro e jamais foi ameaçada por nenhum rival desde os tempos do 707, há mais de 60 anos. Uma das opções será apostar na conversão dos 777-300ER, em complemento ao projeto conjunto da IAI e GE Aviation, ou desenvolver uma versão cargueira do novo 777X, possivelmente derivado do ainda indefinido 777-8.