Fabricante europeu afirma que estudo atual prevê avião de emissão zero, voltado possivelmente ao mercado regional
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 18/06/2020, às 13h00 - Atualizado em 24/06/2020, às 16h46
Avião capaz de substituir o A320 dependerá de uma série de tecnologias e processos de certificação ainda em estudo
Notícias publicadas na última semana afirmam que a Airbus teria confirmado o substituto do A320 para um futuro próximo. As informações foram baseadas em um relatório divulgado pelo fabricante sobre o projeto de uma aeronave de emissão zero, que deverá voar em meados de 2035.
Em resposta aos questionamentos da AERO Magazine, a Airbus negou a existência de um programa para substituir o A320neo e confirmou que trabalha em estudo preliminar para um avião de emissão zero, que poderá ser anunciado entre 2025 e 2026. O futuro projeto não tem definido um mercado especifico e nem mesmo seu conceito, dependendo de uma série de tecnologias ainda em desenvolvimento.
“De fato, é muito cedo para dizer se este avião de emissão zero será o sucessor da família A320”, afirmou o porta-voz da Airbus. “É provável a primeira aeronave de passageiros com emissão zero possa se concentrar no mercado regional e de curto alcance”.
Ainda que a Airbus e demais fabricantes considerem realista o desenvolvimento de um avião com emissão zero em um período de 15 anos, um dos desafios da primeira geração será a capacidade de energia disponível, tornando o pioneiro modelo restrito em alcance e capacidade. Portanto, o avião cobrirá apenas parte do atual segmento de corredor único. A Airbus afirmou que o tamanho do avião e sua capacidade ainda não foram definidos e dependem de estudos sobre a tecnologia disponível.
“O tamanho e o posicionamento de mercado de uma futura aeronave de emissão zero dependerá das escolhas tecnológicas feitas na fase de Projeto e Desenvolvimento”, afirmou a Airbus em resposta a AERO Magazine.
Atualmente alguns projetos voltados para a aviação geral avançam a passos largos, inclusive com o primeiro avião elétrico certificado há poucos dias pela EASA. A tecnologia de baterias continua sendo o maior desafio tecnológico, visto que é necessário obter um fator energético por quilo próximo ao existente no querosene ou gasolina. Ainda assim, a indústria de baterias tem avançado rapidamente na questão. Um dos exemplos é a capacidade cada vez maior das células de bateria dos telefones, que conseguem armazenar cargas quase cinco vezes maior que a existente uma década atrás.
“A maioria das tecnologias necessárias para uma aeronave de emissão zero já está surgindo em outros setores e já trabalhamos nisso há algum tempo – não estamos começando do zero”, disse a Airbus.
Por fim, a indústria aeronáutica terá de criar novos procedimentos e processos de certificação para qualquer tipo e aeronave de emissão zero. “O principal desafio será certificar os padrões de aeronavegabilidade”, confirma a Airbus.
O fabricante europeu acredita que lançar um programa para um avião de emissão zero até 2026 é um objetivo realista e que poderá desenvolver a nova aeronave em uma década, período similar ao exigido para um avião convencional.
“Para atingir a meta de 2035, precisaríamos lançar um programa até 2026-2028, o que significa que temos cerca de cinco anos para amadurecer todas as tecnologias necessárias antes de fazê-lo”, explicou a Airbus.