Empresa alemã poderá ser forçada a revisar planos da frota por causa da covid-19
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 14/09/2020, às 11h00 - Atualizado em 15/09/2020, às 19h39
Lufthansa poderá retirar de serviço todos os seus A380 e 747-400 antes do previsto inicialmente
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A Lufthansa planeja ampliar os cortes em sua frota em um momento em que enfrenta a maior crise do setor aéreo em toda a história. Com a drástica redução da demanda projetada para os próximos meses, a empresa deverá aposentar definitivamente toda sua frota de Airbus A380 e Boeing 747-400, além de grande parte dos A340 ainda em serviço e outros dez A320.
Caso seja confirmada a retirada de serviço dos aviões, a redução na frota em 2020 deverá superar as 100 aeronaves, em um dos maiores cortes feitos por conta da pandemia. A maior empresa aérea da Europa tem readequado suas rotas e frota diante do cenário atual, onde após seis meses de fechamento de fronteiras não existe uma perspectiva da retomada da demanda em níveis satisfatórios.
A aposentadoria dos quadrimotores é um movimento em andamento em todo o setor aéreo, mas que foi antecipado com a crise gerada pela covid-19. Além de consumirem mais combustível, o A380 e 747-400 oferecem grande capacidade de transporte em um momento de baixa demanda.
O plano inicial era manter em solo aproximadamente 300 aeronaves ao longo de 2021, que dependendo da recuperação da procura por viagens aéreas permitiria no ano seguinte reduzir esse total para pouco menos de 200 aviões estacionados. A retomada da frota ocorreria apenas em 2024, mas o elevado custo de estocagem, em um momento de perda de caixa diária, poderá forçar a retirada definitiva de parte da frota.
Perspectiva é que apenas os A340 mais novos continuem em serviço
A Lufthansa, reconhecida como uma das mais eficientes empresas aéreas do mundo, foi obrigada a aceitar uma ajuda estatal do governo alemão de € 9 bilhões (R$ 56,9 bilhões) para sobreviver aos próximos meses.
A expectativa de alguns analistas é que a frota de quadrimotores da Lufthansa se torne restrita aos dezenove 747-8 e aos A340 mais novos e todos, que manteriam uma capacidade adequada para as rotas mais movimentadas nos próximos três anos.
A paralisação dos aviões poderá ampliar ainda mais o número de postos de trabalho perdidos na empresa alemã, que já soma 22.000 demissões nos últimos meses. O cenário é o oposto ao registrado no mesmo período de 2019, quando havia uma série de anúncios de novas rotas e o recebimento de aeronaves.
Caso a Lufthansa confirme a aposentadoria de seus A380, será mais um duro golpe no gigante da Airbus, que está sendo retirado de serviço antes do planejado. A Air France foi a primeira empresa aérea a desativas definitivamente a frota de A380, enquanto a British Airways poderá reduzir em um terço sua frota, composta por apenas doze aviões do tipo. Aliás, a empresa britânica antecipou em quatro anos o fim das operações com o 747-400, reduzindo ainda mais sua capacidade de longo curso.
A Emirates Airline, a maior operadora global do A380, poderá também reduzir em um terço sua frota do modelo, ficando com pouco mais de trinta aeronaves em serviço. Ainda assim, segundo o CEO da Emirates, Sir Tim Clark, uma definição do futuro do modelo dependerá da resposta do mundo a esperada vacina para covid-19.