Tegel foi um dos principais terminais da capital alemã e deverá virar centro de pesquisas e moradias
Por Gabriel Benevides Publicado em 10/11/2020, às 15h00 - Atualizado às 20h41
Funcionários e bombeiros se despedem do voo Air France 1235, que foi o último a operar regularmente no aeroporto
O histórico aeroporto de Tegel, localizado próximo ao centro da capital alemã, foi oficialmente desativado no último domingo (8), com a decolagem do último voo. A cidade de Berlim passa agora a contar com o moderno aeroporto de Brandenburg, recém-inaugurado e considerado um dos mais modernos do mundo.
A derradeira operação foi realizada pela Air France, que foi escolhida para fechar o aeroporto após ter sido justamente a empresa a inaugurar o terminal seis décadas atrás. Antes da inauguração do aeroporto comercial, Tegel havia sido a base do aérienne 165, da Armée de l’Áir, a força aérea francesa, entre 1949 e 1964.
As operações com destino à capital alemã agora estão concentradas no moderno aeroporto Berlin – Brandenburg Willy Brandt. A desativação do Tegel estava prevista para 2011, mas uma série de atrasos na construção do novo aeroporto postergaram a mudança em quase uma década.
Além de restrições físicas, dado o espaço limitado dos terminais e área do aeroporto, Tegel ainda sofria com restrições relacionadas as rígidas normas de meio ambiente da comunidade europeia. O bloco tem imposto uma série de novos pontos, que vão da poluição sonora até o impacto das ações humanas no clima, que atingem diretamente o setor aéreo. Mesmo o tema de aquecimento global sofrendo com questionamento de céticos, as regras ligadas ao meio ambiente têm obrigado a indústria aeronáutica inovar e romper barreiras, criando soluções mais avançadas, incluindo até planejamento do aeroporto levando em consideração seus impactos sociais e ambientais.
O voo AF 1235, operado por uma Airbus A320 decolou para o aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, sendo saudado pela brigada de bombeiros do aeroporto de Tegel, que realizou um batismo de despedida das operações.
Adorado por empresários por conta da proximidade do centro de Berlim, mas alvo de reclamações por ruídos pelos moradores das redondezas, o aeroporto de Tegel recebia apenas aviões de corredor único, fazendo com que o aeroporto de Frankfurt fosse a opção mais viável para voos de longa distância, mesmo estando mais de 500 km de distância. A favor do usuário está o fato da enorme popularidade do transporte aéreo na Europa, que facilitava deslocamentos em conexão.
O aeroporto de Tegel será mantido em condições de operação por mais seis meses, oferecendo apoio ao novo aeroporto de Brandenburg, mas em breve todo o sítio aeroportuário local começará a ser remodelado para dar lugar a um parque industrial e de pesquisa para tecnologias urbanas, bem como habitação e espaços verdes.
A relação da aviação de Tegel começou ainda nos anos 1930, com os primeiros testes com dirigíveis. Durante o bloqueio de Berlim, o aeroporto localizado na antiga zona de ocupação francesa foi ampliado em tempo recorde, já em 1948 apoiando o transporte aéreo do Belin Airlift, promovido pelos Estados Unidos. Com 2.428 metros, a pista era a mais longa da Europa na época.
Até os anos 1990, apenas as companhias dos Estados Unidos, Reino Unido e França podiam pousar em Tegel, o que justificava a ausência da Lufthansa no aeroporto em conformidade do acordo das quatro potências de Berlim. Cerca de 6,5 milhões de decolagens e pousos ocorreram entre 1948 e 2020.