Empresa ajudou a mudar o cenário da aviação comercial no Brasil e enfrenta desafios da fase adulta
A Gol Linhas Aéreas completa hoje 18 anos de operação. O primeiro voo decolando de Brasília para Congonhas, ocorreu no dia 15 de janeiro de 2001, quando a companhia possuía apenas seis Boeing 737 NG.
A empresa foi pioneira no segmento low cost, atuando com modelo de negócios mais enxuto que as concorrentes da época. O surgimento de uma empresa regular de baixo custo proporcionou uma mudança de paradigmas na aviação comercial brasileira, coincidindo com a abertura do mercado pelo então Departamento de Aviação Civil. Até meados de 2002, a tarifa era estabelecida com base em regras do governo, o que inviabilizava a livre concorrência e o surgimento de empresas low cost no Brasil.
Em 18 anos a Gol transportou mais de 450 milhões de passageiros, em cerca de 3,8 milhões de voos, para os mais diversos destinos do Brasil, América Latina, Caribe e Estados Unidos. O modelo de negócios da companhia, seguido por empresas como Azul, possibilitou ainda o ingresso de mais de 30 milhões de passageiros no modal aéreo no Brasil. “As soluções trazidas pela empresa simplificaram os processos de viagem aérea”, diz Eduardo Bernardes, vice-presidente de Vendas e Marketing da GOL.
Atualmente a Gol lidera o mercado doméstico, com 36% do market share no mercado doméstico, segundo dados da ANAC. Atualmente a empresa voa para 67 destinos, com mais de 750 voos diários, contanto com uma frota com 120 aviões da família Boeing 737 NG e 737 MAX. A companhia foi a primeira no Brasil a operar uma frota composta por um único modelo de avião, o que ajudou na redução dos custos e padronização da operação.
Com o estabelecimento do modelo de baixo custo, antigas empresas aéreas, como as outrora gigantes Varig, Vasp e Transbrasil entraram em declínio. A maior estrutura operacional, aliada a custos maiores, se somaram ao rápido endividamentos das três grandes companhias justamente quando o setor aéreo migrava para um modelo de operação simplificado.
Com apenas seis anos a Gol absorveu o espólio da Varig, que em 2007, após a reestruturação judicial, se resumia a uma pequena frota de Boeing 737-300 e uma linha internacional. Embora tenha adquirido os slots da mais antiga empresa do país, a Gol enfrentou o apagão aéreo e a falta de disponibilidade de aeronaves de longo curso a pronta entrega. A operação com a marca Varig foi breve. Ainda assim, a empresa adquiriu a rival Webjet, que atuava como uma ultra low cost low fare, aumentando sua participação no mercado de entrada da aviação comercial.
Todavia, assolado pela crise brasileira, que reduziu a demanda por viagens de negócios e lazer, a empresa passou acumular uma série de dividas. No inicio da crise brasileira, em 2015, o destaque negativo do balanço do ano mostrou prejuízo líquido recorde de R$ 4,3 bilhões. A Gol encerrou o segundo trimestre de 2018 com prejuízo líquido de R$ 1,272 bilhão, quase três mais que a perda de R$ 409,5 milhões registrada no mesmo período de 2017. Entre as alternativas para recomposição da empresa, a Gol anunciou que não renovaria a parceria com o Smiles. A empresa pretende incorporar o Smiles, que atua como unidade independente, a sua estrutura. O programa Smiles foi um dos maiores ativos herdados da Varig, sendo hoje uma importante unidade de negócios para o grupo.
Atualmente o desafio da companhia é manter a liderança em momento de fraco crescimento econômico, em especial diante do possível ingresso de capital estrangeiro no setor.
Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 16/01/2019, às 18h00
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