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A saga das gigantes

Por que o futuro dos jumbos se tornou incerto

A380 e 747-8 podem virar história se Airbus e Boeing não conseguirem reverter vendas


No início dos anos 2000, Airbus e Boeing travavam uma guerra de conceitos. Os europeus passaram a apostar no mercado de super jumbos, enquanto os norte-americanos, após desistirem do 747-500X e 747-600X, alegavam que o futuro estaria nos bimotores de grande porte.

Com o lançamento oficial do programa A380, a Boeing ciente que não dispunha de um projeto capaz de concorrer com o gigante de Toulouse, lançou o até hoje mal explicado Sonic Cruiser, um avião com capacidade similar à do 777-200, mas que seria capaz de voar próximo à velocidade do som. O projeto anunciado em 2001 foi encerrado menos de um ano depois, dando lugar ao programa 7E7, que deu origem ao 787.

Enquanto isso, a Airbus avançava no desenvolvimento do A380 e a Boeing optou por lançar uma versão nova do 747, algo intermediário entre os projetos 747X, o que gerou o 747-8, na versão passageiro e cargueiro.

A crise de 2008, assim como a chegada do 787 Dreamliner e do A350 XWB, que se tornaram rapidamente sucessos de venda, com mais de 1.000 encomendas cada um, tornou a vida dos quadrimotores um pesadelo. Com um consumo elevado e a necessidade de aeroportos com maior capacidade de pátio e movimentação de passageiros e carga, os novos jumbos logo perceberam o drama do seu porte avantajado.

A Emirates surgiu como a grande aliada do A380, com quase 100 aeronaves na frota. A Lufthansa arriscou também com o 747-8 Interncontinental, com apenas 19 unidades. Os anos se passaram e a tendência dos passageiros em optar por voos diretos e maiores opções de horário ajudaram a reduzir ainda mais o interesse pelos grandalhões.

Atualmente, a Boeing afirma que poderá encerrar nos próximos meses a produção do 747-8, inclusive a versão cargueira, que vendeu quase 100 aeronaves. A situação do A380 é menos dramática, mas nem um pouco confortável. Sem pedidos a Airbus agora apresenta uma versão com refinamentos e maior capacidade. Batizado de A390plus o modelo dispõe de algumas melhorias, como novos winglets e rearranjo da cabine de passageiros. O problema, todas as soluções oferecidas não atendem as demandas da Emirates, enquanto os questionamentos da empresa árabe não são atendidos pela Airbus.

Fato é que as principais companhias aéreas do mundo deram preferência aos bimotores de grande porte, especialmente ao trio Airbus A350 XBW, Boeing 777-300ER e Boeing 787 Dreamliner.

Talvez aeronaves de dois andares e com capacidade acima dos 400 assentos se torne no futuro algo tão distante quanto voos comerciais supersônicos. A evolução mostra que velocidade e tamanho não necessariamente são documentos que garantem sua sobrevivência.

Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 06/07/2017, às 12h00 - Atualizado em 07/07/2017, às 15h19


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