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Novo cargueiro da Embraer vai concorrer com o avião militar mais vendido da história

Bijato da Embraer supera o concorrente em carga útil e velocidade máximas


O Lockheed C-130 Hercules parece ter vida longa na categoria de avião de carga de médio porte, longe de gigantes como o Boeing C-17 ou o Airbus A400M Atlas. Apesar disso, ele está envelhecendo e caminhando para sua substituição.

Recém-lançado, o cargueiro bijato KC-390 da Embraer é muito mais moderno e o principal concorrente do Hercules - ainda que este esteja novamente se reinventado, com o modelo C-130J Super Hercules.

Maior avião já construído pela indústria aeronáutica brasileira, o Embraer KC-390 estabelece um novo padrão para aeronaves de transporte militar de médio porte em termos de desempenho e capacidade de carga, além de contar com avançados sistemas de missão e de voo. O KC-390 possui basicamente o mesmo tamanho do C-130, porém, voa mais rápido e mais alto. Capaz de transportar 23 toneladas de carga e atingir a velocidade máxima de cruzeiro de 860 km/h (465 nós), o novo avião trará expressivos ganhos de mobilidade para seus operadores, reduzindo consideravelmente os tempos de missão.

Extremamente flexível, o KC-390 poderá cumprir missões de transporte logístico militar, realizar lançamento de cargas e paraquedistas, executar reabastecimento em voo de jatos e helicópteros, conduzir operações de busca e resgate e evacuação aeromédica, bem como prestar apoio a missões humanitárias. Tudo isso numa única versão.

Projeto Brasileiro
O KC-390 é um projeto conjunto da FAB com a Embraer Defesa e Segurança para desenvolvimento e produção de um avião de transporte tático e de reabastecimento em voo. O programa representa um grande avanço em termos tecnológicos e de inovação para a indústria aeronáutica brasileira ao conceber uma aeronave desenvolvida para estabelecer novos padrões na sua categoria de mercado, com menor custo operacional e flexibilidade de realizar diversas missões: transporte de cargas e tropas, lançamento de cargas, reabastecimento em voo, busca e resgate, combate a incêndios florestais, cabine de carga configurável para missões de evacuação médica (Medevac); e avanços técnicos que incluíssem a tecnologia fly-by-wire, que diminui a carga de trabalho dos pilotos, favorecendo o cumprimento da missão e aumentando a segurança e a capacidade de operar em pistas curtas e semipreparadas. Um ano mais tarde, a FAB manifestou a intenção de adquirir 28 aviões de série e o projeto se consolidou.


Parcerias internacionais
Em 1º de setembro de 2010, a Embraer participou, em Brasília (DF), da cerimônia de assinatura da declaração de intenções entre Brasil e Colômbia visando à participação do país vizinho no programa de desenvolvimento e na produção do jato de transporte militar KC-390. Esse foi o primeiro passo nas negociações bilaterais que definiriam os termos e condições da participação da Colômbia no programa, e que resultaria na implantação de uma fábrica de peças usinadas naquele país para atender ao mercado aeronáutico, e na intenção de compra, por parte do governo colombiano, de 12 aviões KC-390.

Em cerimônia realizada dez dias mais tarde, em Lisboa, Brasil e Portugal assinaram uma declaração de intenções com mesmo teor. Um mês mais tarde, em 24 de outubro, a Embraer participou de cerimônia ocorrida em Santiago em que o Chile se tornou o quarto parceiro internacional do programa, com previsão de pedido para seis aeronaves KC-390 destinadas a equipar a Força Aérea do Chile (FACH). Por fim, pouco tempo depois, a Argentina ingressou no programa. O acordo marcou o início das negociações contemplando a participação da Fábrica Argentina de Aviões “Brig. San Martín” S.A. (FAdeA) na fabricação do novo avião e também para a futura aquisição de seis aeronaves KC-390 pelo governo argentino. No final do processo, permaneceram como parceiros industriais diretos Portugal, República Tcheca e Argentina.

Os fornecedores
Além de sistema fly-by-wire, o bimotor asa alta adquirido pela FAB conta com capacidade de operar em pistas curtas e semipreparadas

Para projetar, desenvolver, testar e produzir os sistemas de movimentação de carga e lançamento aéreo (Aerial Delivery System - CHS/ADS) para o KC-390, bem como oferecer suporte pós-venda, em março de 2011, a Embraer assinou um contrato com a DRS Defense Solutions. O trabalho será realizado pela DRS Training & Control Systems em Fort Walton Beach, na Flórida, nos Estados Unidos. O sistema CHS/ADS será parte integral da aeronave KC-390, utilizado para movimentar e transportar cargas “paletizadas” ou cargas sobre rodas, e viabilizar missões de lançamento de cargas em voo, utilizando métodos de extração por paraquedas e por gravidade. O CHS/ADS será composto por travas eletromecânicas, controle central eletrônico, envolvendo certificação de software RTCA DO-178 nível “A”, trilhos guias retráteis, roletes reversíveis, argolas para fixação direta e painéis de piso estruturais com grande capacidade de carga.

A DRS Defense Solutions é referência no desenvolvimento de avançados sistemas de eletrônica e outras tecnologias militares para apoiar o combatente. Em relação ao desenvolvimento e produção dos trens de pouso do novo jato, a Embraer selecionou a ELEB Equipamentos Ltda. A empresa ficou responsável pelo projeto de um sistema robusto e confiável, capaz de assegurar desde a operação com pesos elevados, compatíveis com a grande capacidade de carga nas missões logísticas, até as exigentes condições de operação em pistas semipreparadas. O sistema de amortecedores de câmara dupla e os trens de pouso instalados na fuselagem são outras características importantes do avião.

Os spoilers (superfícies móveis de controle de sustentação na asa), portas do trem de pouso do nariz, porta da rampa, carenagens dos flaps, cone de cauda e armário eletrônico serão produzidos pela empresa argentina FAdeA. Herdeira da tradicional Fábrica Militar de Aviões (FMA), a empresa projeta, fabrica, moderniza e realiza manutenção em aeronaves civis e militares, além de produzir peças aeronáuticas e executar diversos serviços de engenharia.

Na medida em que os dias passavam, mais indústrias estrangeiras se juntavam ao projeto KC-390. Em meados de 2011, a Embraer Defesa e Segurança anunciou a assinatura de um contrato com a Aero Vodochody para o fornecimento de aeroestruturas. Conforme o acordo, a empresa tcheca se juntaria ao programa participando da fase de definição conjunta (Joint Definition Phase – JDP) e forneceria a seção da fuselagem traseira II, as portas para paraquedistas e tripulação, porta de emergência e escotilhas, rampa de carga e bordo de ataque para os protótipos e futuros aviões da produção seriada.

Quanto à aviônica, a Embraer selecionou o sistema Pro Line Fusion, fabricado pela Rockwell Collins, para equipar a aeronave. O sistema Pro Line Fusion atende às necessidades atuais e futuras da aeronave em termos de comunicação, navegação e vigilância ao cumprir os mais recentes requisitos do novo ambiente CNS/ATM (Communication, Navigation and Surveillance for Air Traffic ­Management), com avançada interface homem-máquina, capacidade de reconfiguração automática em caso de avarias e barramento de troca de dados de alta capacidade. Já a Liebherr-Aerospace fornecerá os sistemas de controle ambiental e de pressão da cabine do KC-390, proporcionando maior eficiência operacional ao avião.

 A Boeing participará das campanhas de vendas do KC-390, oferecendo também suporte e treinamento nos EUA, no Reino Unido e em mercados do Oriente Médio

A Messier-Bugatti-Dowty produzirá os sistemas de rodas, freios, retração e extensão do trem de pouso, e o conjunto hidráulico do controle direcional em solo. O sistema consiste em freios de carbono, unidades eletrônicas (brake-by-wire) e componentes hidráulicos responsáveis pelo controle de frenagem da aeronave, incorporando as funções de frenagem automática (autobrake) e antideslizamento (anti-skid). O fornecimento inclui ainda rodas em alumínio para os trens principais e auxiliares, o conjunto hidráulico de controle direcional do trem de pouso auxiliar, para manobrar a aeronave em solo, e os componentes hidráulicos para extensão e retração dos trens de pouso.

Os Motores
Os motores escolhidos para o KC-390 são os V2500-E5, fabricados pela International Aero Engines AG (IAE). Estes motores mesclam as virtudes de um produto comprovado com um projeto militar novo. Por serem equipamentos já utilizados e homologados na aviação comercial, permitirão a produção de versões civis do KC-390, como a que pode estar sendo negociada com os Correios. As entregas para os protótipos começaram em 2013. Segundo a Embraer Defesa e Segurança, a posição suficientemente suspensa associada à configuração interna dos motores impedirão a ingestão de objetos do solo pelas turbinas, mesmo em pistas não preparadas, como acontece com turbo-hélices.


Mais uma selecionada, a BAE Systems vai fornecer hardware, software embarcado, projeto de sistemas e suporte à integração dos eletrônicos para comandos de voo ao KC-390 enquanto a Goodrich Corporation fabricará os atuadores eletroestáticos (EHA), os atuadores elétricos reserva dos hidrostáticos (EBHA), os atuadores eletrônicos e os controles elétricos para seu sistema primário de comandos de voo.

Além disso, a empresa brasileira AEL Sistemas S.A., de Porto Alegre (RS), fornecerá o computador de missão. O computador disponibilizará os recursos computacionais necessários para o funcionamento do software responsável pela integração de vitais sistemas de missão, como enlace de dados (data-link), radar tático, sistema de autoproteção e cálculo do ponto de lançamento de cargas. Já o sistema de radar de missão será fornecido pela Selex Galileo, da Itália.

O radar tático Gabbiano, modelo T-20, da SELEX Galileo, utiliza tecnologia de última geração para executar todas as missões do KC-390. Contando com um transmissor que usa a nova tecnologia SSA (Solid State Amplifier), este radar tem a vanMais uma selecionada, a BAE Systems vai fornecer hardware, software embarcado, projeto de sistemas e suporte à integração dos eletrônicos para comandos de voo ao KC-390 enquanto a Goodrich Corporation fabricará os atuadores eletroestáticos (EHA), os atuadores elétricos reserva dos hidrostáticos (EBHA), os atuadores eletrônicos e os controles elétricos para seu sistema primário de comandos de voo.

Ernesto Klotzel
Publicado em 29/08/2016, às 16h00 - Atualizado às 16h24


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