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Mantém golden share

Boeing oferece nova proposta pela compra da Embraer

Empresa negocia divisão da fabricante brasileira, mantendo o setor militar dentro do controle estatal


A Boeing ofereceu à Embraer e ao governo brasileiro uma nova proposta para aquisição da rival. A proposta prevê a criação de uma terceira empresa, que ficará responsável pelo desenvolvimento e comercialização do segmento de aviação regional, com participação das duas empresas e controlada pela Boeing.

Após divulgação pelo jornal Correio Braziliense, a notícia movimentou o mercado. A fabricante brasileira divulgou nota afirmando que a proposta da Boeing prevê a manutenção da golden share (ação especial, com direito a veto) da União apenas na área de defesa. 

Todavia, fontes envolvidas no acordo afirmam que a divisão da Embraer não irá transferir os programas militares ao controle do governo, apenas garantir a manutenção da golden share. Na prática, o governo teria algum controle no andamento de projetos militares. Mas não está totalmente claro como ficará o programa Gripen NG e a transferência de tecnologia vinculada ao contrato.

Em nota, a Embraer confirma que a Boeing está disposta a investir US$ 6 bilhões para adquirir a propriedade do grupo brasileiro, e não o controle, sem encerrar as operações da companhia do Brasil ou alterar a marca.

A previsão é que caso do governo brasileiro concorde com a oferta, a conclusão do negócio deve se dar em 10 meses, no máximo, um ano.

A Embraer ainda afirma que não possui definição sobre a estrutura de uma potencial combinação de negócios e sobre os valores que serão efetivamente envolvidos. Atualmente, a Embraer possui capital diluído, sendo mais de 85% sob controle de investidores estrangeiros.

Também não foi divulgado se a Boeing manterá o interesse na divisão de aviões executivos, que está entre as principais unidades da Embraer, mas distante do modelo de negócios da gigante norte-americana.

Em aquisições anteriores, como no caso da McDonnell Douglas, a Boeing realizou o fatiamento do negócio, vendendo divisões de pouco interesse, como de helicópteros leves. A preocupação de alguns setores no governo é o desmembramento da Embraer, deixando no país apenas as divisões de baixa rentabilidade, o que inviabilizaria a continuidade das operações. O setor militar, embora estratégico ao Brasil, não se sustenta com a pequena demanda existente pelos modelos oferecidos pela Embraer ao mercado.

Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 02/02/2018, às 19h40 - Atualizado às 20h42


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