Escassez de espaço em voos regulares faz com que o transporte aéreo de cargas fique mais oneroso
Por Marcel Cardoso Publicado em 21/08/2024, às 08h25
O crescimento acelerado do e-commerce global, liderado por empresas como Amazon, Mercado Livre e Alibaba, está afetando significativamente o transporte aéreo de cargas. O aumento da demanda por frete aéreo está criando tanto oportunidades quanto desafios para operadores logísticos.
Um dos principais impactos é a escassez de espaço em voos regulares, o que tem levado a picos nas tarifas e prazos de entrega mais longos. Segundo René Genofre, diretor do Departamento Aéreo do Grupo Allog, e Bruna Rossi, gerente de produto aéreo da companhia, o cenário se intensificará no último trimestre de 2024, com a demanda aumentando durante a alta temporada de consumo do final de ano.
Empresas de e-commerce têm reservado aeronaves maiores, como os Boeing 777F e 747F, além do Airbus A330F, desde o início do ano para garantir o transporte de seus produtos. Essa estratégia visa contornar a escassez de capacidade, que já é um desafio crescente no setor.
A escassez de espaço afeta diversas rotas, com destaque para o sentido Transpacífico (China-Estados Unidos) e, em menor escala, China-Europa. Como essas rotas também são usadas para o transporte de produtos para a América Latina, o impacto é sentido de forma global, incluindo o Brasil.
O aumento da demanda por frete aéreo não apenas reduz a disponibilidade de espaço, mas também eleva os preços. Empresas que buscam tarifas mais competitivas enfrentam dificuldades para garantir o transporte de suas cargas. Paralelamente, as companhias aéreas estão reservando capacidade em aviões cargueiros com antecedência, oferecendo esses espaços a preços premium. Entre 10 e 16 de junho, por exemplo, houve um aumento de 24% nas tarifas entre a Ásia e os Estados Unidos.
O mercado global de carga aérea está em expansão, com projeções indicando um aumento de dois dígitos em volumes para 2024. De acordo com René Genofre e Bruna Rossi, o crescimento foi impulsionado por um salto de 12% na demanda em maio, conforme dados da Xeneta, Inteligência de Mercado para o Transporte Marítimo e Aéreo.