Transporte aéreo de cargas registra alta de 10,2% e sinaliza retomada de oportunidades no setor
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 29/11/2024, às 13h00
Os primeiros dez meses do ano registraram alta de 10,2% no transporte aéreo de cargas, quando comparado ao mesmo período de 2023, com 1,2 milhão de toneladas movimentadas.
Os dados foram apresentados pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) na quinta-feira (28), durante o evento Vozes do Setor Aéreo, que reuniu em Brasília representantes do governo federal, da ANAC, empresas aéreas e concessionárias de aeroportos.
O encontro teve como objetivo debater cenários e oportunidades do mercado de cargas, que vem registrando crescimento constante nos últimos meses, tendo, inclusive, superado a pré-pandemia. No comparativo com 2019, o último ano antes da crise sanitária, 2024 registrou crescimento de 9% no transporte de cargas domésticas e de 20% no internacional.
“Assim como no mercado de passageiros, vemos uma recuperação sólida no volume de cargas. E há potencial para aumentar esses números, sobretudo no doméstico. Temos que trabalhar em conjunto para seguirmos crescendo”, afirma Jurema Monteiro, presidente da Abear.
Apenas no mercado doméstico, as companhias aéreas nacionais transportaram 405,3 mil toneladas de carga, acréscimo de 12,5% em relação ao montante movimentado no ano passado. Já no internacional, que inclui tanto a participação de empresas brasileiras quanto estrangeiras, foram transportadas 843,3 mil toneladas, o que representa 9,1% de alta em relação a 2023.
“Esse aumento é bastante significativo. As exportações fazem os números subirem no segmento internacional, mas os indicadores internos também chamam a atenção, com uma variação de dois dígitos na comparação com 2023”, comentou Monteiro.
Todavia, as autoridades brasileiras reconhecem que o crescimento do mercado depende de uma série de questões estruturais, como previsibilidade e segurança jurídica, além de melhorias na infraestrutura geral e reconhecimento por parte dos usuários dos benefícios do transporte aéreo cargueiro.
“É preciso dar luz ao modelo regulatório e discutir as particularidades juntamente com os atores do setor. Temos que pensar também em novas formas de atrair o empresariado, para utilizarem mais o transporte aéreo para cargas”, pontuou Ricardo Catanant, diretor da ANAC.
O governo brasileiro também está atento às necessidades do setor, que, através da Secretaria de Aviação Civil (SAC), avalia como pautar o tema. “Temos bastante trabalho pela frente. Às vezes, o tema passageiro toma mais espaço na agenda, mas com certeza temos que aumentar o debate sobre cargas. A Secretaria Nacional de Aviação Civil está à disposição para trabalhar junto com a Abear e parceiros para endereçar demandas”, acrescentou Luiza Deusdará, diretora de Investimentos da SAC.