EUA dizem que a Rússia de colocou tripulação da estação espacial em risco
Por André Magalhães Publicado em 16/11/2021, às 12h00 - Atualizado às 17h56
Teste de míssil comprometeu a segurança da Estação Espacial Internacional | Foto: Roscosmos
A Rússia testou um míssil antissatélite de ascensão direta (DA-ASAT, na sigla em inglês) na última segunda-feira, tendo como alvo o satélite russo COSMOS 1408, lançado em 1982 e que estava inoperante há vários anos. O ensaio foi considerado um sucesso, com a destruição do satélite. Porém, o impacto criou um campo de detritos em órbita, considerado potencialmente perigoso para a Estação Espacial Internacional (ISS).
A "nuvem"de destritos colocou a tripulação da ISS em alerta, incluindo cosmonautas russos, que tiveram de ir emergencialmente para as naves Soyus e Dragon, usadas também como veículos para evacuação rápida. Caso fosse necessário, as cápsulas retornariam à Terra imediatamente.
As agências espaciais após avaliarem a rota dos detritos e verificaram que já havia segurança, autorizou os tripulantes voltarem para a ISS.
Foram detectados 1.500 fragmentos do satélite destruídom que devem vagar, ao lado de outros milhares outros partes de foguetes e satélites, ao redor do planeta por anos. Verificações da trajetória dos detritos continuará sendo feita, afim de garantir uma maior segurança dos objetos em orbita.
O teste russo provocou uma reação internacional, inclusive dos Estados Unidos que emitiu um comunicado oficial questionando as ações do parceiro na ISS, mas rival em questões políticas nos últimos anos. “[A Rússia] demonstrou um desrespeito deliberado pela segurança, proteção, estabilidade e sustentabilidade de longo prazo do domínio espacial para todas as nações”, disse James Dickinson, general do exército e comandante do Comando Espacial dos EUA.
Ainda sobre a reação dos Estados Unidos, o diretor da Nasa, Bill Nelson, disse que “está indignado com esta ação inescrupulosa. Com sua longa e célebre história em voos espaciais humanos, é impensável que a Rússia coloque em risco não apenas os astronautas americanos e internacionais parceiros da ISS, mas também seus próprios cosmonautas”.
Imediatamente o governo russo respondeu as alegações dos Estados Unidos, afirmando que Washington deveria abrir um canal de comunicação antes de acusar outras nações. “Preferiríamos que os Estados Unidos se sentassem finalmente à mesa de negociações, em vez de fazer acusações infundadas, e discutir suas preocupações em relação ao tratado, que Rússia e China estão propondo para evitar essa corrida armamentista e que os Estados Unidos não podem aceitar. Seria muito interessante para nós ouvir uma posição específica e fundamentada e não pretextos. Estamos prontos para isso”, disse Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores.
Em outro comunicado por parte dos russo, o Ministério da Defesa disse que "vê as alegaçoes dos Estados Unidos como hipócritas" e que a há anos tentam fazer com que a Washington e outros países assinem um tratato que impede o lançamento de armas no espaço.
Atualmente a ISS conta com sete pessoas, sendo três norte-americanos, um alemã e dois russos. A estação está a uma altitude de 430km voajando a uma velocidade de aproximadamente 27.000 km/h ao redor do Planeta.