Aviação agrícola faz alerta sobre risco de retaliação a tarifaço dos EUA

Sindag cobra do governo que aviação agrícola fique fora de retaliações à tarifa dos EUA, para evitar colapso operacional no setor

Por Marcel Cardoso Publicado em 30/07/2025, às 14h00

Aviação agrícola pede exclusão de retaliações brasileiras à tarifa dos EUA, temendo impactos operacionais severos no agro - Divulgação

O Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola alertou o Ministério da Agricultura e Pecuária na última terça-feira (29), sobre os riscos de retaliações brasileiras à tarifa de 50% que os Estados Unidos aplicarão, a partir de 1.º de agosto, sobre produtos importados do Brasil.

O setor teme que peças, motores e aeronaves agrícolas importadas dos EUA sejam atingidas, comprometendo a operação da frota nacional.

Embora o tarifaço atinja diretamente carnes, frutas, madeira e café, o Sindag argumenta que a aviação agrícola pode ser duplamente prejudicada: pela retração de clientes dessas culturas e pela possível inclusão de insumos aeroagrícolas nas listas de contramedidas. Cerca de dois terços da frota agrícola brasileira — que ultrapassa 2.700 aeronaves — é importada. E mesmo o terço fabricado no Brasil depende de motores e componentes norte-americanos.

Na reunião com a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do ministério, o Sindag solicitou que o governo exclua o setor aeroagrícola de qualquer medida de retaliação. “Sem acesso a peças e componentes, o agro perde eficiência e o País perde capacidade de resposta”, disse Cláudio Júnior Oliveira, diretor do Sindag, ao destacar que o setor cobre 140 milhões de hectares, atende mais de 29 culturas e atua inclusive no combate a incêndios florestais.

Do lado do governo, o Ministério da Agricultura e Pecuária disse estar atuando em três frentes: negociação direta com Washington para reverter a tarifa; abertura de novos mercados com apoio de adidos agrícolas; e calibração interna de eventuais contramedidas para preservar setores estratégicos.

O Sindag disse que se comprometeu a entregar um estudo técnico com os impactos econômicos da possível retaliação. O ministério, por sua vez, levará os pleitos a Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, e a Geraldo Alckmin, vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, que coordena o comitê interministerial sobre o tema.

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