Itália planeja lançar no segundo semestre uma empresa aérea estatal com aporte bilionário, contrariando as regras do bloco
Por Marcel Cardoso Publicado em 07/06/2021, às 10h00 - Atualizado às 14h16
Ryanair quer leilão de slots hoje pertencentes a Alitalia
A irlandesa Ryanair planeja recorrer à Comissão Europeia, órgão regulador de questões econômicas e financeiras da Europa, contra um aporte bilionário planejado pela Itália para criar uma nova empresa aérea.
A companhia que deverá substituir a atual Alitalia deverá receber vultuosos aportes estatais, contrariando uma série de normas europeias. Segundo Eddie Wilson, executivo da Ryanair, a empresa vai recorrer da proposta italiana, considerando a manobra desleal.
“Tenho a impressão de que não há nada de novo, o ITA [Italia Transporto Aereo] será apenas a extensão da Alitalia, com os mesmos problemas que se viam há décadas. O mesmo desperdício de recursos públicos em uma companhia aérea que hoje, como ontem, vai perder dinheiro”, disse Wilson, em entrevista ao jornal italiano La Repubblica.
O governo italiano está perto de fechar um acordo para injetar € 3 bilhões (R$ 18,5 bilhões) na futura Italia Transporto Aereo, uma nova companhia aérea mais enxuta que substituirá a atual versão da Alitalia.
Após uma série de crises administrativas e investimentos fracassados, a Alitalia foi liquidada e recriada algumas vezes nos últimos anos, mas não conseguiu reverter o modelo de negócios ineficiente.
A Ryanair quer que a Comissão Europeia exija a licitação dos slots nos aeroportos operados pela Alitalia de maneira competitiva, ao invés de autorizar apenas o repasse das autorizações atuais para a nova empresa aérea. A comissão deverá decidir sobre o assunto nas próximas semanas.
Com a escalada da crise no transporte aéreo na Europa, diversos governos passaram a injetar milhões de euros em suas respectivas companhias aéreas, criando uma situação perigosa para o futuro da aviação comercial local. A criação de uma empresa aérea estatal com aporte bilionário promete desiquilibrar a balança existente entre suporte público nos setores privados, mesmo em situações de crise.