Rússia é responsabilizada por derrubada de Boeing 777 da Malaysia Airlines em 2014

Corte Europeia responsabiliza Rússia por derrubada do voo MH17, que matou 298 pessoas em 2014

Por Marcel Cardoso Publicado em 10/07/2025, às 05h53

Decisão aponta falhas e negligência da Rússia no uso do sistema Buk, que abateu um Boeing 777 da Malaysia Airlines e matou 298 pessoas no leste da Ucrânia - Reprodução

A Corte Europeia de Direitos Humanos declarou, por unanimidade, que a Rússia é responsável pela derrubada do Boeing 777-200 da Malaysia Airlines, abatido em julho de 2014 sobre o leste da Ucrânia. A decisão foi proferida ontem (9) pela Grande Câmara do tribunal, composta por 17 juízes.

Segundo o julgamento, o míssil Buk que atingiu a aeronave foi disparado de uma área controlada por separatistas pró-Rússia, sob a equivocada suposição de que se tratava de um avião militar. A Corte concluiu que a Rússia falhou ao não adotar medidas para verificar corretamente o alvo, em violação ao direito humanitário internacional.

A Corte informou que o míssil foi disparado intencionalmente, e que a Rússia falhou em adotar medidas para verificar corretamente o alvo, em violação ao direito humanitário internacional.

Negligência e falhas investigativas

A decisão integra um processo com quatro frentes, sendo três ações movidas pela Ucrânia sobre violações de direitos humanos desde 2014 e uma pelos Países Baixos, focada no voo MH17, que matou 298 pessoas.

A Corte destacou que a única conclusão plausível é que o disparo foi feito por forças armadas russas ou por separatistas ligados à autoproclamada República Popular de Donetsk. Embora a autoria direta do lançamento não tenha sido determinada, o tribunal atribuiu a responsabilidade ao Estado russo pelas ações de seus militares e aliados.

As provas apresentadas pelo governo holandês indicam que o sistema Buk, operando isoladamente, não consegue distinguir aeronaves civis de militares. A Corte classificou o uso do equipamento sem medidas adicionais de identificação como uma violação ao direito humanitário.

Obstrução de investigações

O tribunal também afirmou que a presença do sistema antiaéreo em uma área com tráfego aéreo civil representava um risco imediato à vida, do qual a Rússia tinha ou deveria ter ciência. A omissão em alertar a Ucrânia ou fechar o espaço aéreo foi considerada negligente e violadora do direito à vida.

Além disso, a Corte criticou a postura russa na investigação, alegando que Moscou agiu de forma seletiva, divulgando informações imprecisas e, em alguns casos, falsas. A Rússia também foi acusada de obstruir a investigação internacional conjunta sobre o desastre.

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