Uso de inteligência artificial no projeto X-62A VISTA confirma a viabilidade do uso da tecnologia em caças do futuro
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 17/04/2024, às 15h00
A Escola de Pilotos de Teste da Força Aérea dos Estados Unidos e a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (Darpa, na sigla em inglês) divulgaram os avanços recentes no uso de Inteligência Artificial na indústria aeroespacial.
A Darpa está liderando um esforço de validar tecnologias em algoritmos de inteligência artificial para auxiliar futuros pilotos de combate. O projeto Air Combat Evolution (ACE) emprega um F-16 que recebeu uma série de sistemas baseados em aprendizado de máquina e foi designado como X-62A VISTA.
Os militares dos Estados Unidos avaliam a viabilidade de uma próxima geração de aeronaves de combate, incluindo caças e bombardeiros, terem operação completamente autônomas, recebendo apenas dados e parâmetros da missão, e ampliando assim as capacidades de drones em conflitos futuros.
“O potencial para o combate ar-ar autónomo é imaginável há décadas, uma realidade que permaneceu um sonho distante até agora. Em 2023, o X-62A quebrou uma das barreiras mais significativas da aviação de combate”, disse Frank Kandall, secretário da Força Aérea.
Atualmente as aeronaves não-tripuladas de combate dependem de uma operação coordenada por equipes humanas, sendo restrito basicamente as missões de ataque ao solo. A intenção do X-62A é permitir o uso de drones também em combate ar-ar, tendo maior capacidade de destruir aeronaves inimigas tripuladas.
O aprendizado de máquina, através de inteligência artificial, permite que poderosos algoritmos aprendam com pilotos humanos uma infinidade de técnicas de combate, para em um conflito real ser capaz de antecipar as ações do inimigo através da análise do voo.
Os avanços do projeto ACE deverão ser conhecidas em breve pelo próprio secretário Kendall, que planeja voar no X-62A VISTA para testemunhar pessoalmente o que a Inteligência Artificial pode fazer em um ambiente de combate simulado durante um próximo voo de teste da base aérea de Edwards, na Califórnia.
“Este é um momento de transformação, tudo possível graças às conquistas revolucionárias da equipe X-62A ACE”, destacou Kendall.
Em menos de um ano as equipes de teste e engenharia passaram da instalação inicial de agentes de Inteligência Artificial nos sistemas do X-62A, para a demonstração dos primeiros combates entre máquina versus humanos dentro do alcance visual, também conhecidos como dogfight. No total, a equipe fez mais de 100.000 linhas de alterações críticas de software em 21 voos de teste.
Embora aviões não-tripulados, inclusive projetos autônomos, possam voar em rotas predefinidas ou realizar ataques ao solo, o dogfighting é um cenário altamente complexo que envolve uma quantidade extremamente alta de parâmetros. Nesse ambiente o X-62A pode comprovar com sucesso o uso seguro de inteligência artificial não determinística na indústria aeroespacial.
Os combates aéreos emparelharam o X-62A VISTA contra aeronaves F-16 tripuladas nos céus acima de Edwards. Inicialmente foi criado um cenário de segurança de voo, com manobras defensivas, antes de mudar para combates ofensivos “nariz a nariz” (voos um contra o outro) de alta performance, onde a aeronave de combate aéreo chegou a 2.000 pés a 1.900 quilômetros por hora.
Além do uso militar, os pesquisadores da Darpa acreditam no potencial no segmento civil, aumentando a segurança e economia nos voos comerciais e executivos.
“Ao garantir que a capacidade a frente é segura, eficiente, eficaz e responsável, a indústria pode considerar os resultados que equipe X-62A ACE fez como uma mudança de paradigma. Mudamos fundamentalmente a conversa, mostrando que isso pode ser executado com segurança e responsabilidade”, ressaltou James Valpiani, coronel e comandante da Escola de Pilotos de Teste.