Controladores de Tráfego Aéreo possuem medidas para evitar fadiga mental e psicológicos
Por Micael Rocha Publicado em 08/10/2024, às 08h30
A profissão de Controlador de Tráfego Aéreo (CTA) é uma das mais importantes dentro do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Responsáveis por garantir a segurança dos voos, prevenindo colisões no solo e em voo, além de manter a fluidez do tráfego aéreo, esses profissionais enfrentam altas cargas de adrenalina devido à atenção plena que a função exige. Um erro operacional pode resultar em acidentes aéreos de graves consequências.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) é responsável pela operação contínua do controle de tráfego aéreo no Brasil, contando com um efetivo de 4.524 controladores, dos quais 3.800 estão diretamente envolvidos em atividades operacionais. A distribuição eficiente de escalas de trabalho é fundamental para assegurar o monitoramento do espaço aéreo 24 horas por dia, durante todo o ano.
No entanto, a preocupação com o bem-estar físico — e, sobretudo, mental — dos CTAs é uma prioridade para os gestores do órgão militar, que seguem as diretrizes da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) no que diz respeito ao gerenciamento da fadiga.
O descanso adequado dos profissionais é essencial para que eles desempenhem suas funções com segurança e eficiência.
A legislação aeronáutica brasileira, por meio da Instrução de Comando da Aeronáutica (ICA) 63-33, estabelece regras claras para a carga de trabalho dos controladores. Essa instrução define a criação, ativação e desativação de posições operacionais, além de estipular limites de horas trabalhadas e as escalas de serviço.
Para evitar a fadiga acumulativa, a ICA 63-33 impõe limites ao tempo ininterrupto de trabalho nas posições operacionais, sejam os controladores dos Centros de Controle de Área (ACC), do Controle de Aproximação (APP) ou das Torres de Controle (TWR).
Nas Torres de Controle, por exemplo, nas chamadas "Posição Torre", "Posição Solo" e "Posição Tráfego", as equipes são compostas por, no mínimo, dois CTAs. Um deles opera diretamente o controle de tráfego aéreo, utilizando o rádio, enquanto o outro auxilia nas demais tarefas.
Em dias de maior movimento, o limite de trabalho em uma mesma posição é de duas horas consecutivas, enquanto, em órgãos de menor tráfego, esse limite pode ser ampliado para três horas. Ao fim desse período, os controladores podem revezar, assumindo outras posições ou atuando como auxiliares.
Durante períodos de baixa demanda, como feriados nacionais, os controladores podem atuar por até quatro horas ininterruptas, mas, segundo o Decea, essas são situações excepcionais.
A atuação de psicólogos treinados para atender esse público específico também é essencial para garantir o bem-estar dos controladores, especialmente após incidentes ou acidentes, mesmo quando o CTA não esteve diretamente envolvido na causa do ocorrido. Qualquer comportamento atípico entre os profissionais é tratado imediatamente pelos especialistas, visando preservar a segurança operacional.
A combinação de suporte psicológico e gestão eficiente das escalas de serviço, com períodos de descanso adequados, é fundamental para manter a segurança e a fluidez do tráfego aéreo brasileiro.