Estudo da empresa aponta que o modelo se tornou ineficiente no cenário atual
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 17/07/2020, às 17h30 - Atualizado às 19h01
Qatar afirma que usar o A380 na fase atual é ambientalmente irresponsável
A Qatar Airways emitiu um comunicado destacando que a operação do A380 é ambientalmente irresponsável no cenário atual. A empresa árabe afirmou que tem manteve seus serviços de forma reduzida durante o auge da pandemia graças a operação de aeronaves menores e mais eficientes, destacando os Airbus A350 e Boeing 787.
“Devido ao impacto do COVID-19 na demanda de viagens, a companhia aérea decidiu aterrar sua frota de Airbus A380, pois não é comercial ou ambientalmente justificável operar uma aeronave tão grande no mercado atual”, afirmou a Qatar em nota oficial.
A empresa realizou um estudo interno comparando os A380 e A350 voando com a mesma quantidade de passageiros nos voos para Londres, Guangzhou, Frankfurt, Paris, Melbourne, Sydney, Toronto e Nova York. O relatório apontou que, em média, o A350 emite por hora 16 toneladas a menos de dióxido de carbono em relação ao A380, o que representa uma diferença de 80% nas emissões. O resultado foi ainda mais surpreendente nos voos para Melbourne, Nova York e Toronto, quando o A380 emitiu 95% mais dióxido de carbono por hora que o A350, o que se traduz em uma diferença de 20 toneladas a mais de poluentes a cada 60 minutos.
“Até que a demanda de passageiros se recupere em níveis adequados, a Qatar Airways continuará mantendo suas aeronaves A380 no solo, garantindo que apenas opere aeronaves comercial e ambientalmente responsáveis”, destacou a Qatar.
Segundo a Qatar, o uso do A380 só é justificado caso a aeronave retome a elevada ocupação existente até meados de janeiro de 2020, quando transporta ao menos uma centena a mais de passageiros. Assim as emissões e consumo de combustível o tornam mais vantajoso que o uso de dois bimotores na mesma rota.
O anuncio ocorreu um dia após a Emirates Airline anunciar a retomada dos voos com o A380, que passará a voar em diversas rotas, ainda que com menor frequência do que a existente na fase pré-pandemia.
O Catar também obteve um parecer favorável do Tribunal Internacional de Justiça (ICJ), das Nações Unidas, em relação a disputa travada por seus vizinhos. A maior parte dos países do Oriente Médio decidiu bloquear as aeronaves registradas no Catar de sobrevoar seus respectivos espaços aéreos, incluindo os voos da Qatar Airways. O tribunal julgou a disputa ilegal e foi declarada inválida pelo conselho da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO, na sigla em inglês).