Novo modelo de ponte aérea pode reduzir ações judiciais contra companhias no Brasil

Estudo sugere ponte aérea flexível e resolução extrajudicial para reduzir ações contra companhias aéreas brasileiras

Por Marcel Cardoso Publicado em 11/08/2025, às 08h58

Brasil concentra mais de 98% dos processos contra empresas aéreas no mundo - Infraero/Mariana Sales

Um estudo inédito do Instituto Esfera de Estudos e Inovação propõe um modelo modernizado de ponte aérea no Brasil, com tarifas flexíveis e resolução extrajudicial de conflitos, visando reduzir a judicialização no setor aéreo — que concentra 98% das ações no mundo. Ou seja, de 10 ações contra empresas aéreas no mundo, 9,8 ocorrem no Brasil.

A mudança substituiria penalidades por alterações de voos por um contrato com remarcação gratuita, funcionando como um “seguro contra imprevistos” para passageiros.

Segundo o levantamento, desenvolvido pelo pesquisador Maurício Bugarin, da Universidade de Brasília, o novo arranjo pode gerar ganho de até 77% no valor esperado por cliente para as empresas. O sistema ofereceria flexibilidade e benefícios extras, enquanto o passageiro pagaria um valor levemente maior para obter essas vantagens.

O Brasil enfrenta um cenário crítico: cerca de 400.000 novas ações contra companhias aéreas são registradas por ano, com crescimento médio de 60% desde 2020. Grande parte das demandas — 90% — envolve atrasos, cancelamentos e extravio de bagagens. O valor médio das indenizações chega a R$ 6.700, dez vezes o preço médio de uma passagem doméstica (R$ 670). Além de gerar custos expressivos para o sistema jurídico brasileiro.

A proposta inclui cláusulas contratuais para incentivar a solução extrajudicial, como compensações automáticas e benefícios adicionais a quem evita a via judicial. Especialistas destacam que a estratégia reduz custos, melhora a previsibilidade e diminui riscos reputacionais para as companhias.

O modelo sugere implementação gradual e voluntária, iniciando com um projeto-piloto em 50% dos voos da rota São Paulo (Congonhas) – Rio de Janeiro (Santos Dumont), aliado a uma redução temporária do ICMS do querosene de aviação para empresas aderentes.

Com regras claras para remarcações e cancelamentos e mecanismos de mediação extrajudicial, o estudo aponta que a aviação brasileira pode ganhar eficiência e competitividade, conciliando interesses de empresas e consumidores.

Aviação Civil Companhias Aéreas Setor Aéreo ponte aérea judicialização ICMS querosene tarifas flexíveis resolução extrajudicial

Leia também

Bird strike no Galeão reacende debate sobre judicialização no setor aéreo
Judicialização no transporte aéreo: Seminário discutiu impactos e soluções