O que acontece com seu corpo no avião?

Pressurização e ambiente seco no avião causam uma série de reações no organismo, saiba quais e como evitar

Por Ernesto Klotzel Publicado em 12/09/2016, às 17h00 - Atualizado em 30/05/2025, às 20h20

Em voos comerciais, passageiros de todas as classes estão sujeitos às mesmas condições ambientais a bordo

 

As companhias consagradas valorizam e sofisticam ao máximo suas classes mais nobres, ou seja, todas aquelas que fogem da econômica mais simples. No entanto, todos os passageiros, independentemente de seu status a bordo, são sujeitos às mesmas condições de pressão, temperatura, grau de umidade etc. Mas como esses fatores se manifestam em nosso corpo?

Confira a resposta abaixo:

Nariz

Em solo, a umidade relativa do ar é superior a 30%. Em voos, esse índice cai para cerca de 20%

Em terra firme, o grau de umidade é geralmente maior do que 30%. A bordo, porém, ele baixa para próximo aos 20%. Esta atmosfera desértica tende a secar as mucosas do nariz e garganta, expondo-as a infecções. As mucosas têm papel chave em nosso sistema imunológico: basicamente servem como barreiras contra micróbios que poderiam penetrar no organismo. Como as vias de acesso estão secas, os vírus podem ter um indesejado caminho livre.

Solução: Beber bastante água para umedecer as mucosas.

Ouvidos

Durante decolagens e pousos, estalos e ruídos ocorrem devido à atuação do tubo de Eustáquio

Nunca se perguntou de onde vêm estes estalos e outros ruídos pouco confortáveis durante a decolagem e o pouso de um avião? A origem está no tubo de Eustáquio (o canal que liga seus ouvidos à cavidade nasal e à garganta), que é responsável pelo controle da pressão em seus tímpanos. Quando a pressão varia rapidamente, como em um avião, pode ser difícil para a estrutura se ajustar à mudança, o que pode causar certo desconforto e mesmo uma dor passageira de ouvido ou cabeça.

A sensação no ouvido pode tornar-se perigosa se o passageiro estiver resfriado, pois, quando existe uma infecção, o tubo de Eustáquio incha e não consegue abrir o suficiente para equalizar a pressão. Em casos extremos, pode ocorrer o rompimento do tímpano, causando problemas ainda mais sérios.

Solução: Uma boa maneira de abrir caminho para os ouvidos é, mais uma vez, tomar muita água para manter úmidas as mucosas, isso porque o ato natural de engolir a água utiliza o mesmo mecanismo muscular envolvido na abertura do tubo.

Língua

A baixa umidade a bordo compromete o olfato e, consequentemente, o paladar

Se aquela barra de cereal não tiver o mesmo sabor agradável daquelas consumidas diariamente, é porque voar pode amortecer as papilas da língua. A redução do grau de umidade a bordo seca a nasofaringe (a cavidade que se estende das narinas ao bulbo olfativo) e compromete o olfato e, consequentemente, seu paladar. O efeito é semelhante ao de se alimentar tampando o nariz.

Solução: Manter o corpo hidratado.

Dentes

A pressurização e despressurização da cabine podem provocar dor de dente, especialmente em quem possui cáries

Se você tiver uma cárie no dente, fique longe de um avião. A pressurização e a despressurização podem causar uma forte dor de dente. Uma área cariada pode ter uma camada infecciosa em sua raiz, que, por sua vez, pode expandir com a mudança de pressão, causando o incômodo.

Pele

Esse ar seco a bordo, sobre o qual falamos, pode maltratar também a sua pele. A água contida na camada exterior evapora para o ar ambiente e pode agravar as condições de quem já tem infecções na pele. O primeiro sinal de alarme é uma coceira leve.

Solução: Embarque munido de uma boa quantidade de pomada ou creme umectante, preferencialmente aqueles que possuem filtro solar na composição, já que as janelas do avião não bloqueiam totalmente a radiação ultravioleta. E, novamente, mantenha o corpo hidratado.

Intestinos

Quando voamos, a pressão atmosférica na cabine diminui em relação à do nível do mar. Como decorrência, qualquer ar contido em seu estômago e intestino vai expandir para normalizar a pressão, acarretando desconforto e gases. A situação se agrava com lanches, refrigerantes gaseificados e frituras consumidas às pressas. Uma boa ideia é evitar tais alimentos no aeroporto e durante o voo.

Pernas

A posição sentada por longos períodos, associada ao ar rarefeito, favorece o acúmulo de fluidos nos membros inferiores, causando inchaço

Espremido durante horas em uma poltrona minúscula, sem espaço para as pernas e em uma atmosfera de ar rarefeito, seu corpo pode reagir com o inchaço dos membros inferiores, à medida que os fluidos se acumulam nessa região. Para a maioria dos passageiros, o fenômeno só se manifesta na dificuldade de calçar os sapatos na chegada ao destino. Para os mais sensíveis, porém, existe o perigo de uma irritação de pele ou mesmo uma dermatite.

Além disso, o pior é a possibilidade da formação de coágulos de sangue conhecidos por Trombose Venosa Profunda. Embora possa afetar qualquer um de nós, estão mais expostos a riscos os fumantes ou aqueles com histórico familiar de predisposição à hipercoagulabilidade e a tromboses.

Solução: Passeie no corredor da cabine e movimente as pernas quando sentado. Beber bastante água também evita o aumento da viscosidade do sangue.

saúde dos passageiros umidade no avião saúde em viagens aéreas voo e saúde efeitos do voo no corpo desconforto ao voar fisiologia da aviação trombose venosa profunda pressão na cabine hidratação em voo

Leia também

Primeira Classe ou apartamento voador? Airbus mistura os dois em novo layout de cabine
Embarcamos no Cessna Citation Latitude e mostramos os detalhes de performance e do interior